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SEM VISTA GROSSA
Falhas podem ser deduzidas do valor pago pelo bem
Material de qualidade inferior, por exemplo, gera abatimento no preço
DA REPORTAGEM LOCAL
Um contrapiso com acabamento poroso ou desnível provocará erros na colocação de piso e rodapé, alerta Eduardo
Zangari, diretor de locação da
Aabic (associação das administradoras de São Paulo).
É a esse tipo de ocorrência
que o consumidor deve estar
atento no momento da vistoria
do imóvel novo.
O projetista mecânico Rafael
do Amaral dos Santos, 26, comprou um apartamento na planta no Jabaquara (zona sul). Na
hora de agendar a vistoria, resolveu pesquisar uma lista de
itens a serem checados.
Encontrou normas técnicas
de construção civil na internet
e ainda usou conhecimentos
adquiridos em uma época que
trabalhou com material de
construção. "Olhei normas referentes a instalações hidráulicas e elétricas", conta.
Seguindo o roteiro de uma
vistoria detalhada, a probabilidade de encontrar pequenos (e
grandes) problemas é maior. E
o que fazer nesse caso?
O ideal é segurar a ansiedade
de receber as chaves. "O consumidor não deve aceitar a vistoria e tem de exigir que a construtora estipule um prazo para
a entrega dos reparos", indica
Maria Inês Dolci, da Pro Teste.
Quando há questões mais
graves, como a construção de
uma parede não prevista, ou
desconformidade em relação
ao material acordado em memorial, como o uso de um revestimento de qualidade inferior, "o consumidor pode pedir
abatimento no preço pago pelo
imóvel", afirma Renata Reis,
técnica do Procon-SP (instituto de defesa do consumidor).
Locação
Para aluguéis de imóveis,
normalmente a vistoria de recebimento das chaves é um
momento de menor tensão.
Mas, na devolução, isso pode
mudar. Além da nova pintura,
que muitas vezes é obrigatória,
algumas imobiliárias exigem
reparos. Sem um laudo detalhado ou com fotos, nem sempre é fácil entrar em acordo.
"Quando você coloca [no laudo] regular, bom e ótimo [como
estado de conservação], a avaliação é subjetiva. Se você coloca "maçaneta em bom funcionamento", esse detalhamento
confere mais precisão", exemplifica José Augusto Viana Neto, presidente do Creci-SP
(conselho de corretores).
Lembre-se de que o desgaste
natural do imóvel está previsto
no valor da locação. O que é cobrado como reparo são pontos
em que houve mau uso ou falta
de manutenção pelo locatário.
No apartamento que a empresária Fátima dos Reis, 54,
locou durante três anos, alguns
problemas foram detectados:
portas de armários que não
corriam direito, um vidro quebrado e cadeiras de plástico
quebradas no terraço.
"Algumas coisas foram consertadas. O resto ele [o locatário] decidiu me pagar", explica.
O presidente da Aabic, Rubens Carmo Elias Filho, aprova
a decisão: "Diante da discordância, um orçamento para recomposição financeira não
prolonga a questão".
(CC)
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