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USADO DE ENTRADA
Incorporador diz que paga menos para não ter prejuízo
Gastos de corretagem e registros na revenda justificariam depreciação
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
"Livrar-se" do imóvel usado
na hora da entrega das chaves
do novo tem o ônus de aceitar
a quantia que a incorporadora
se dispõe a pagar pelo bem
como parte do negócio.
As empresas, porém, argumentam que a desvalorização
em relação ao preço de mercado é necessária para cobrir alguns gastos na revenda.
"Em geral, pagamos de 5% a
10% menos do que o cliente pede. Assim conseguimos pagar
taxas de corretagem e registros
e depois vendemos pelo preço
de mercado", explica Mario Tibério, diretor de incorporação
da construtora Tibério.
Ele lembra que às vezes a negociação do preço a ser pago em
um imóvel faz a transação ser
mais demorada -e argumenta
que a diferença entre o valor de
mercado e o negociado não vai
para o bolso da incorporadora.
"Não ganhamos dinheiro
com essa venda, mas não podemos deixar que ela nos dê prejuízo", afirma.
O advogado Fernando Barbosa Neves, 72, comprou um
imóvel da construtora dando
outro em troca. "Eu não me incomodei com o preço um pouco menor que pagaram pelo
meu apartamento. Estava sem
tempo para vender e valeu a pena trocar. Um novo é sempre
melhor", considera.
Estratégia
Muitas empresas utilizam a
possibilidade de dar o usado na
compra de um lançamento como chamariz para unidades
que ainda não foram vendidas.
"Tentamos no primeiro momento vender sem a troca das
chaves. Mas, quando a verba
para publicidade começa a diminuir e ainda há apartamentos em estoque, facilitamos o
pagamento dessa forma", conta
Seme Raad Filho, diretor da incorporadora Monarca.
"Assim, conseguimos movimentar o plantão de vendas
com pessoas que às vezes nem
estavam pensando em trocar
de imóvel", assinala Filho.
(MARIANA DESIMONE)
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