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reportagem de capa
Crianças ganham a atenção da indústria
PARA MENORES Eletrônicos focam pequenos e sua crescente influência na decisão de compra; confira dicas de presentes
DA REPORTAGEM LOCAL
A criança também é vista como consumidora. "O poder de
influência das crianças nos processos decisórios de compra
tem crescido nos últimos
anos", conta Moise Candi, diretor da Candide, fabricante de
brinquedos eletrônicos como o
cão Spock.
Candi explica que seus consumidores convivem desde o
nascimento com as novas tecnologias e têm grande acesso à
informação, além do "poder
enorme de interagir com várias
coisas ao mesmo tempo".
O mercado de brinquedos
passou por uma crise no ano de
2008, quando a indústria norte-americana gerou US$ 21,64
bilhões, segundo pesquisa do
NPD Group. Nesse ponto baixo, os eletrônicos para crianças
caíram 14%, em relação ao ano
anterior. Agora, o mercado tenta se recuperar do baque.
Uma curiosidade sobre os
brinquedos eletrônicos é que
eles têm uma categoria no Toy
Of The Year Awards (www.toyawards.org), que elege os
brinquedos do ano. Entre os indicados de 2009 estão um projetor e um brinquedo que "sente" a atividade cerebral da
criança ao ser manipulado.
No Brasil, todos os grandes
sites de vendas separaram um
espaço para esses brinquedos.
Análise
"Os brinquedos eletrônicos
representam a vida do adulto
para a criança, eles são miniaturas de partes da vida do adulto", explica a professora de educação da PUC (Pontifícia Universidade Católica) Maria Angela Barbato Carneiro.
Segundo ela, as crianças acabam apresentando um domínio
maior dos equipamentos, mas
entram na vida adulta mais cedo do que seria o esperado. Entretanto, ela diz não questionar
o valor da tecnologia, e sim o
tempo gasto com ela.
Para as crianças, esse tipo de
brinquedo também é uma forma de consumo, diz Carneiro.
"É a questão da marca, e a
criança se sente com menor
importância quando não tem
um certo equipamento."
Já Sueli Passarini, doutora
em psicologia e professora da
Faap (Fundação Armando Álvares Penteado), diz considerar
que os aparelhos que veiculam
as mídias eletrônicas muitas
vezes imobilizam crianças e
adolescentes e podem comprometer seu desenvolvimento.
"Os aparelhos eletrônicos e
jogos desenvolvem um raciocínio e uma linguagem que tira a
criança da sua infância, do que
é necessário para ela se desenvolver", conta Passarini. "Elas
passam a viver nessa virtualidade sem conseguir efetivamente lidar com as questões do
mundo real."
Claudemir Viana, pesquisador da Escola de Comunicações
e Artes da USP (Universidade
de São Paulo), se diz contra tornar o meio eletrônico um problema. "Não é o meio em si que
é o problema, e sim a maneira
como lidamos com ele."
Roger Tavares, pesquisador
da PUC, segue a mesma linha, e
defende os videogames. "É uma
mídia libertadora, mostra para
as crianças que o mundo não é
tão dualista, que existem intermediários e que estamos em
trânsito entre extremos", afirma o pesquisador.
(AMANDA DEMETRIO)
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