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Mundo virtual busca atrair internauta muçulmano
TARIQ SALEH
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE
BEIRUTE
A libanesa Amina Ahmad,
24, é uma estudante muçulmana e, diferentemente de
suas amigas, prática a religião e usa o hejab (véu islâmico). Mas, além de religiosa, Amina também é usuária
de sites de relacionamentos
sociais na internet.
Já adepta do Facebook, há
alguns meses ela entrou para
o MuslimSpace.com, em
que fóruns sobre política e
temas relacionados à fé islâmica são freqüentes.
Sites de relacionamentos
sociais na internet vêm crescendo no mundo árabe. Segundo um executivo do
Mecca.com, Sami al-Taher,
estima-se que haja 105 milhões de usuários muçulmanos no mundo.
Para Amina, as redes sociais são mais que diversão,
são uma forma de se conectar a um mundo globalizado,
onde há muita informação.
"Eu gosto dos grupos criados
nos sites, em que eu me identifico e posso trocar idéias."
Engajamento
Ela contou que não era
muito conectada com atividades sociais e políticas, mas
se tornou mais ativa depois
que descobriu grupos no Facebook e no MuslimSpace.
"Eu comecei a dedicar
mais tempo em frente ao
computador para debater
em fóruns e participar mais
ativamente de movimentos
políticos no meu país."
Em sociedades mais conservadoras, os sites tornaram-se um desafio a dogmas
religiosos. No Líbano, embora mais liberal se comparado
a outros países árabes, ainda
existem tabus em relação a
certas questões -e não importa se são cristãos ou muçulmanos.
O Facebook, o mais popular entre libaneses, impôs
certos desafios a posturas e
comportamentos, especialmente entre muçulmanos.
No caso de Amina, que usa
o véu e é religiosamente ativa, um senso de autocensura
foi vital para que não deixasse a internet ultrapassar suas
crenças e valores.
"Eu coloco somente fotos
em que estou com minha família, em que uso meu hejab,
para que os homens saibam
que tipo de mulher sou e que
tipo de pessoas procuro",
completou.
Refúgio
A analista política e também socióloga Sofie Saade,
ex-professora da Universidade Americana de Beirute,
disse que a internet se tornou um refúgio para muitos
jovens libaneses (e árabes
em geral). "Nas sociedades
do Oriente Médio, as redes
sociais tornaram-se uma forma de resgate de identidade.
Os jovens se reúnem em tribos, se redescobrem através
de gostos comuns", explicou.
"Mesmo havendo interação entre pessoas de diferentes religiões, algumas pessoas preferem buscar sites
projetados para sua fé específica", disse a professora.
Mas redes sociais passaram também a ser um problema para o Judiciário do
país. Em janeiro, quatro jovens libaneses foram presos
acusados de difamação eletrônica contra uma universitária no Facebook. O caso gerou debates sobre a falta de
leis específicas no país quanto a crimes na internet.
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