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Na Califórnia, cafés questionam a vantagem de oferecer rede Wi-Fi gratuita aos seus clientes
BRUNO ROMANI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
DE BERKELEY
Wi-Fi de graça: oferecer ou
não? Esse é um dilema que tem
levado alguns cafés no Vale do
Silício, na Califórnia, a cortar a
mordomia dada aos clientes.
Isso porque tem gente consumindo pouco e ficando muito
no local.
Com exceção de alguns projetos experimentais (como o do
Google em Mountain View), a
ideia de uma rede sem fio pública e gratuita fracassou na região em todas as suas tentativas
-de San Jose a San Francisco.
Coube aos cafés ser mais um
provedor de internet na vida
dos habitantes da região.
E, na prática, os cafés se tornaram o principal local de acesso à rede de muita gente. Numa
região em que muitos empregos não dependem de escritório, esses locais se tornaram o
novo lugar de trabalho. Abusos
passaram a acontecer.
"Tem um cara que vem aqui
todo dia, pede um café e passa
seis horas conectado", diz Zaki
Zambaga, gerente de um café
em Berkeley, cidade a 15 quilômetros de San Francisco.
O impacto, segundo os donos
e gerentes dos estabelecimentos, é sentido na hora de pagar
contas de luz e internet. Eles
reclamam que o custo para
manter o serviço é muito alto.
Em um outro café, na frente
da Universidade de Berkeley, a
solução é driblar esse tipo de
custo. Ao ser questionado pela
reportagem se o local oferecia
Wi-Fi, o gerente respondeu: "a
gente oferece a rede do vizinho". O vizinho é um hotel.
Outros cafés, no entanto,
preferem táticas mais agressivas. Em Santa Cruz, cidade a 95
quilômetros de San Francisco,
um estabelecimento causou
polêmica entre clientes ao cortar a rede que foi oferecida gratuitamente por muito tempo.
Cafés em San Francisco e
Mountain View mantiveram a
rede, mas encontraram outra
forma de espantar quem exagera. Eles não oferecem extensões de tomadas. Os internautas precisam ir embora quando
a bateria de seus laptops chega
ao fim. Com essa tática, os comerciantes tentam desocupar
as mesas e economizar energia.
É assim que se forma o dilema.
Lee Vu, dono de um café famoso em Berkeley por oferecer
internet grátis e muitas extensões de tomada, diz que é preciso educar os clientes em relação ao serviço. E completa:
"Depois de um tempo no café,
eles se sentem culpados se não
compram nada".
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