São Paulo, Quarta-feira, 12 de Janeiro de 2000


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Mudança causa dificuldade para autor

do New York Times News Service

Uma das dificuldades enfrentadas por autores e artistas de histórias em quadrinhos on line é recriar o misto peculiar de palavras e imagens que é característico das HQ em papel. Os Cybercomics da Marvel utilizam o plug-in "Shockwave", da Macromedia, que lhes confere o acabamento perfeito de livros de HQ. O leitor conduz a ação, clicando nos balões de falas e acompanhando as tiras.
Apesar de conter animação, efeitos sonoros e música, os ciberquadrinhos ainda seguem muito o gênero das HQ em tiras, explica Peter Cuneo, presidente da Marvel. O resultado é um cruzamento entre HQ e animação.
Em um painel de "Doom Control", por exemplo, um seriado da Marvel transmitido no site Shockwave (www.shockwave.com) da Macromedia, o "mecanismo de apreensão do controle mental" do dr. Doom toma conta do telhado do edifício Chrysler. O edifício se projeta para dentro do quadro em ângulo irregular, e estranhos pulsos elétricos são vistos e ouvidos partindo do aparelho.
Ron Man, que dirigiu o documentário "Comic Book Confidential", disse que está muito interessado em acompanhar a evolução da arte e das histórias contadas on line. "A página fica totalmente diferente numa tela de computador", disse. "Você pode abaixar a tela interminavelmente. A própria tela é o quadro."
Mann vem realizando experiências com a passagem de HQ para o formato on line. A versão em CD-ROM de "Comic Book Confidential" inclui reproduções de livros básicos das HQ em páginas grandes que podem ser movidas para obter perspectivas diferentes. Também traz informações sobre os principais artistas do ramo, incluindo Stan Lee e seu colaborador de longa data, Jack Kirby.
Mesmo assim, diz Mann, "como há HQ ruins demais on line, é mais difícil localizar as de boa qualidade." A única HQ criada exclusivamente para a Web que despertou interesse na indústria das HQ está em um site que acompanha o filme "Matrix" (www.whatisthematrix.com/cmp/comicindex.html). Histórias ao estilo das HQ estão surgindo para ocupar o espaço entre o filme, que teve grande sucesso de público, e suas sequências já previstas. As histórias atuais estão sendo criadas por artistas e autores da DC Comics e da Marvel.
Scott McCloud, criador de HQ, teórico e autor de "Understanding Comics", um livro em HQ sobre HQ, criou várias tiras on line (www.scottmccloud.com) que exploram os espaços mais distantes de páginas na Web. Entre elas, figura "Choose Your Own Carl" (Escolha seu próprio Carl), uma tira que é direcionada pelo leitor, com pouca narrativa linear.
"As histórias em quadrinhos são uma espécie de mapa temporal", disse McCloud. "Quando você passa de um centímetro para o seguinte, passa de um momento para o seguinte. É uma idéia muito simples, mas poderosa." Para ele, é justamente essa idéia que talvez se perca nas HQ on line. "Quando tivermos acesso de alta velocidade (banda larga), poderemos ter animação total", diz.
Será que as HQ on line algum dia vão poder equiparar-se em dinamismo às produções marcadas pelos diálogos criados por Lee e os desenhos de Kirby? Não importa o quanto o façam, a indústria de HQ ainda vê o futuro de seus livros como garantido.
"Um trabalho computadorizado é algo que quase tira você do reino da literatura", diz John Jackson Miller, da "Comics Retailer". "Para conseguir que a história funcione na tela, é preciso transformá-la em algo diferente."



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