São Paulo, quarta-feira, 12 de setembro de 2007

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teste USP

Sistema armazena arquivos para redes

SINALIZAÇÃO > O SC101, da NetGear, duplica os dados para aumentar a segurança; instalação e interface são pontos falhos

ODEMIR MARTINEZ BRUNO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Sistemas de armazenamento e compartilhamento de dados (storage) são, em geral, equipamentos de alto custo. Já o SC101, da NetGear, é uma solução de baixo custo para compartilhar e armazenar dados em rede em residências e em pequenos escritórios.
O equipamento é compacto e permite acoplar até duas unidades de discos rígidos IDE padrão Pata. O equipamento funciona em redes padrão TCP/IP com fornecedor de IPs dinâmicos DHCP, sendo compatível com as velocidades 10/100 Mbps. Além do CD de instalação, acompanha também um programa de gerenciamento de backup (SmartSync Pro).
O produto é compatível com sistemas Windows 2000 e XP, o que limita seu uso, já que deixa de fora usuários de Macintosh e de Linux.

Design
O SC101 é compacto (17,15x10,80x14,38 cm), não sendo muito maior que duas unidades de disco.
Os discos rígidos são alojados em duas baias, acessíveis pela remoção da tampa frontal. As baias, bem como a principal estrutura do aparelho, são de metal e funcionam como dissipador de calor dos discos. Isso dispensa o cooler para a refrigeração, o que torna o equipamento simples, confiável e silencioso.
O SC101 possui um conector de rede e de alimentação na parte traseira, além de um botão de reset. Na parte frontal, possui três leds indicadores (de rede, disco e força).
O SC101 apresenta alguns pontos favoráveis para a segurança de dados. Ele pode ser configurado com Mirror espelhamento (RAID1), tecnologia que realiza duplicação de dados físicos e lógicos. Nos sistemas de Mirror espelhamento, são utilizados dois discos. O sistema armazena os arquivos em ambos e, se um dos discos falhar, os dados continuam seguros e acessíveis no outro.
Os discos do SC101 podem ser particionados de acordo com as necessidades do usuário. Cada partição recebe um endereço IP designado automaticamente pelo DHCP. As partições são protegidas por senha e pela própria formatação, não podendo ser acessadas diretamente na rede.
É necessário instalar e configurar cada máquina, fornecendo informações sobre quais partições terão acesso permitido. Após a configuração da máquina, as partições do SC101 são visíveis pelo Explorer, como se fossem discos locais.

Instalação
A documentação é um dos pontos negativos do equipamento. Embora tenha uma versão em inglês e outra em português, o manual impresso é muito resumido (apenas uma folha) e não traz informações suficientes para a instalação nem apresenta dados de compatibilidade e detalhes de operação.
O produto foi testado em dois ambientes de redes, e a instalação não demonstrou ser uma tarefa fácil. Em um ambiente de rede ideal, o aparelho apresentou algumas deficiências e teve uma instalação com dificuldade classificada como média, que poderia ser feita por um usuário experiente.
Já no segundo caso, o sistema foi testado em uma rede simulando uma residência real ou um pequeno escritório, onde, embora a rede estivesse funcional, estavam presentes pequenas falhas de configuração.
Nesse caso, o equipamento apresentou problemas mais graves, que demandariam auxílio de um técnico para a devida instalação. Esse foi um ponto falho do equipamento, principalmente porque, em geral, as redes domésticas e de pequenos escritórios não apresentam configurações ideais, por serem configuradas muitas vezes pelos próprios usuários.
As principais deficiências observadas no teste foram a usabilidade e a interface com o usuário. O principal soft de configuração do SC101 parece um software em versão inicial, que apresenta algumas inconsistências de interface e uso.
Por exemplo, pela opção visualizar/atachar não é possível obter informações dos discos já configurados. Para isso, é necessário retornar uma tela e selecionar outra opção.
Outra situação em que fica claro a deficiência da interface é a necessidade do usuário digitar o tamanho da partição que deseja utilizar. Na maioria dos programas, bastaria um Enter para montar uma única partição no disco, o que não acontece no programa do SC101.
A interface do SC101 também deixa a desejar. A falta de informações sobre o estado do equipamento complica a vida do usuário. Por exemplo, o sistema demora um pouco mais de dois minutos para realizar o boot, e o SC101 não mostra nenhuma sinalização que indique o término desse processo.
Outro ponto importante são as mensagens de erro. A documentação não descreve o funcionamento delas (por exemplo: disco incompatível ou desplugado), que são informadas pelo número de piscadas no led indicador de força.
O equipamento deveria apresentar um indicativo luminoso ou sonoro específico para os erros. Se o sistema apresenta algum erro, como um disco incompatível ou desplugado, o SC101 não exibe nenhuma informação visual ou sonora. Sem mensagens de erro, o diagnóstico de eventuais problemas ou falhas é uma tarefa praticamente de adivinhação.
Um problema do sistema é o formato próprio: o conteúdo do disco não pode ser visto se ligado diretamente a um computador, o que dificulta a manutenção. Nos testes, tentamos remover uma partição de um disco formatado pelo SC101. Mesmo com suporte da própria empresa, não foi possível remover a partição criada pelo sistema. Foi necessário plugar o disco em uma máquina e usar um utilitário como o Gparted para apagar a partição.
O preço atraente, de R$ 405, e o design tornam o equipamento uma alternativa compacta e elegante para pequenas redes, que muitas vezes usam PCs antigos como servidores.


Odemir Martinez Bruno é livre-docente em ciência da computação e doutor em física pela USP.


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