São Paulo, quarta-feira, 16 de agosto de 2006

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Reportagem de capa

Ladrões da internet imitam estrutura da máfia siciliana

CIBERCRIME ORGANIZADO Quadrilhas dividem tarefas e lucros dos roubos de números de cartões de crédito pela internet; empresas dos EUA evitam denúncia

DO ENVIADO ESPECIAL A LAS VEGAS

Invadir servidores e tirar sites do ar para ganhar fama no submundo digital é coisa do passado. A motivação dos invasores atuais é lucrar, e existe uma estrutura criminosa organizada para cada etapa dos roubos on-line. O poder dos bandidos que operam via internet é tamanho que provoca medo no mundo corporativo.
Indicadores do 11º relatório de cibercrime do FBI (www.gocsi.com) mostram que a ocorrência de todos os tipos de ataques caiu nos últimos doze meses. O número de denúncias, porém, aumentou apenas cerca de 5% em três anos.
"As empresas têm medo de assumir publicamente que foram vítimas de ataques e gerar publicidade negativa com isso", explica o agente especial do FBI Thomas Grasso.
Mesmo com essa dificuldade na apuração do relatório, cibercrimes com motivação financeira representam uma parte substancial dos ataques.
Somados, os ataques de acesso não-autorizado, com 32%, o roubo de informações e as fraudes financeiras, ambos com 9%, ficariam em segundo lugar na lista de problemas que causam mais prejuízos -perdendo apenas para os vírus.

Máfia
A combinação de várias técnicas de invasão dá sustentação para os carders, quadrilhas que usam números de cartões de crédito roubados para lucrar.
De acordo com o FBI, esses grupos geralmente têm sede em países do leste europeu e usam uma hierarquia semelhante à das máfias sicilianas, com um chefão, secretários, soldados e aspirantes.
Cada um tem uma habilidade especial e vende o fruto de seus crimes para um "superior". As investigações deram conta de que os grupos usavam fóruns on-line, como o CarderPlanet e o CarderPortal, contratavam falsificadores para criar cartões reais com os números roubados e lavavam o dinheiro obtido em sites de aposta.
No mercado paralelo, os números de cartão de crédito são vendidos em lotes que custam entre US$ 40 e US$ 100. (JB)


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