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Provedoras norte-americanas cobram caro e frustram clientes
RANDALL STROSS
DO "NEW YORK TIMES"
As opções de banda larga disponíveis nos EUA atualmente utilizam uma combinação incomoda
para seus clientes: velocidades
baixas e preços altos. Empresas
como a Verizon e a BellSouth
criaram novas regras para cobrar
pela cultura do "publique você
mesmo" que é natural da internet.
Os únicos norte-americanos
que podem aproveitar o melhor
da banda larga são aqueles que
moram fora do país.
Na Califórnia, a operadora
Comcast oferece um plano com
velocidade de 6 Mbps por cerca de
US$ 50 mensais. Parece bom,
mas, na Costa Leste, a Verizon
oferece acesso de 15 Mbps via fibra óptica pelo mesmo preço.
Mas o que dizer da conexão de
100 Mbps por US$ 25 vendida no
Japão? E do plano de 1 Gbps por
US$ 120 oferecido na Suécia? É
1.300 vezes mais rápido do que o
melhor plano da Verizon.
Parece que as empresas americanas estão mais interessadas em
criar maneiras de vender pacotes
de serviços "premium" do que em
entregar maiores velocidades de
acesso aos seus clientes.
Na semana passada, o vice-presidente da Verizon disse que a
proliferação de programas de vídeo na internet abre uma nova
oportunidade para a sua empresa:
uma classe de serviço on-line para
donos de sites que desejam pagar
para a Verizon exibir imagens
com qualidade para usuários de
uma certa região.
O executivo disse que a venda
desse serviço não vai interferir na
qualidade com que os sites normais são exibidos na rede.
Esse serviço só existe nos EUA
porque nosso serviço de banda
larga é lento. A única coisa que os
vídeos on-line exigem é velocidade, uma vez que eles só precisam
ser baixados e exibidos tão rápido
quanto for possível.
Os efeitos desse controle do
conteúdo podem acabar com o
equilíbrio do ecossistema da internet, que é explicado pelo princípio de "neutralidade da rede".
Essa teoria diz respeito a maneira como a internet recebe qualquer pessoa que deseja publicar
conteúdo. Os consumidores, por
sua vez devem ter escolhas sem limites e, de preferência, as operadoras da rede, não devem interferir nisso. Atualmente, os provedores de acesso tem um papel
neutro no sistema, oferecendo os
últimos quilômetros de estrutura
necessários para que os bits cheguem a casa dos usuários. Tudo
sem precisar dizer qual é a origem
ou a razão dessas informações.
Qualquer proposta para alterar
essa atuação deve ser analisada
com muito cuidado, especialmente se essa alteração puder expandir o poder das empresas de
telecomunicação até o ponto de
escolher qual a origem e o destino
dos bits que chegam e que saem
do seu computador.
Para chegar até esse ponto, empresas seguidoras da BellSouth
dizem precisar extrair mais valor
do serviço que vendem para melhorar as condições da rede.
Os clientes pagarão por meio de
taxas de acesso ou, indiretamente,
comprando acesso a uma forma
especial de ver conteúdo. De toda
forma, as empresas não respeitarão a natureza flexível e livre da
rede mundial.
Randall Stross é autor de livros sobre a
economia e empresas de tecnologia
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