São Paulo, quarta-feira, 18 de janeiro de 2006

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Provedoras norte-americanas cobram caro e frustram clientes

RANDALL STROSS
DO "NEW YORK TIMES"

As opções de banda larga disponíveis nos EUA atualmente utilizam uma combinação incomoda para seus clientes: velocidades baixas e preços altos. Empresas como a Verizon e a BellSouth criaram novas regras para cobrar pela cultura do "publique você mesmo" que é natural da internet.
Os únicos norte-americanos que podem aproveitar o melhor da banda larga são aqueles que moram fora do país.
Na Califórnia, a operadora Comcast oferece um plano com velocidade de 6 Mbps por cerca de US$ 50 mensais. Parece bom, mas, na Costa Leste, a Verizon oferece acesso de 15 Mbps via fibra óptica pelo mesmo preço.
Mas o que dizer da conexão de 100 Mbps por US$ 25 vendida no Japão? E do plano de 1 Gbps por US$ 120 oferecido na Suécia? É 1.300 vezes mais rápido do que o melhor plano da Verizon.
Parece que as empresas americanas estão mais interessadas em criar maneiras de vender pacotes de serviços "premium" do que em entregar maiores velocidades de acesso aos seus clientes.
Na semana passada, o vice-presidente da Verizon disse que a proliferação de programas de vídeo na internet abre uma nova oportunidade para a sua empresa: uma classe de serviço on-line para donos de sites que desejam pagar para a Verizon exibir imagens com qualidade para usuários de uma certa região.
O executivo disse que a venda desse serviço não vai interferir na qualidade com que os sites normais são exibidos na rede.
Esse serviço só existe nos EUA porque nosso serviço de banda larga é lento. A única coisa que os vídeos on-line exigem é velocidade, uma vez que eles só precisam ser baixados e exibidos tão rápido quanto for possível.
Os efeitos desse controle do conteúdo podem acabar com o equilíbrio do ecossistema da internet, que é explicado pelo princípio de "neutralidade da rede".
Essa teoria diz respeito a maneira como a internet recebe qualquer pessoa que deseja publicar conteúdo. Os consumidores, por sua vez devem ter escolhas sem limites e, de preferência, as operadoras da rede, não devem interferir nisso. Atualmente, os provedores de acesso tem um papel neutro no sistema, oferecendo os últimos quilômetros de estrutura necessários para que os bits cheguem a casa dos usuários. Tudo sem precisar dizer qual é a origem ou a razão dessas informações.
Qualquer proposta para alterar essa atuação deve ser analisada com muito cuidado, especialmente se essa alteração puder expandir o poder das empresas de telecomunicação até o ponto de escolher qual a origem e o destino dos bits que chegam e que saem do seu computador.
Para chegar até esse ponto, empresas seguidoras da BellSouth dizem precisar extrair mais valor do serviço que vendem para melhorar as condições da rede.
Os clientes pagarão por meio de taxas de acesso ou, indiretamente, comprando acesso a uma forma especial de ver conteúdo. De toda forma, as empresas não respeitarão a natureza flexível e livre da rede mundial.


Randall Stross é autor de livros sobre a economia e empresas de tecnologia


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