São Paulo, quarta-feira, 20 de junho de 2007

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reportagem de capa

Empresas cuidam de identidade on-line

BONITO NA FOTO Por até US$ 10 mil, americanos oferecem serviços para esconder seus momentos negativos da internet

PAUL THOMASCH
DA REUTERS

Um personagem de "Boomsday", o novo livro de Christopher Buckley, fatura alto ao inventar o Repelente de Aranha -um programa de computador capaz de procurar e apagar qualquer coisa ofensiva sobre alguém que tenha sido colocada na internet.
"Era tão simples que ele se perguntava por que ninguém havia pensado naquilo antes", escreve Buckley.
Infelizmente, o Repelente de Aranha existe apenas em um romance, o que significa dizer que, ao realizar uma busca com seu nome nos engenhos on-line do Google ou do Yahoo, alguém pode encontrar coisas que preferiria não ver.
De toda forma, há esperança para pessoas com fotos, postagens de blog ou vídeoclipes constrangedores rolando soltos pela internet.
Essa pessoa pode adotar por si mesma medidas para limpar sua imagem no mundo on-line ou entrar em contato com empresas que cobram até US$ 10 mil para fazer esse serviço.
"As pessoas tomam suas decisões umas sobre as outras com base no que encontram on-line -decisões, algumas vezes, defi- nitivas- antes de se encontrar cara a cara, na vida real. Isso vale para tudo o que as pessoas acham ser importante- o que abrange a vida profissional, a dignidade e o sentimento de si mesmo", afirma Michael Fertik, diretor-executivo da empresa Reputation Defender (www.reputationdefender.com).
"É fundamental saber o que há on-line sobre você e tentar controlar isso ao máximo", acrescentou.
"E você pode fazer isso sozinho ou com a ajuda de uma empresa como a minha", completa Fertik.

Empresarial
Fundada no ano passado, a Reputation Defender oferece como seu principal produto a MyReputation/MyChild.
Por cerca de US$ 10 por mês, a empresa realiza buscas aprofundadas na internet e relata suas descobertas. Uma pessoa familiarizada com a web poderia gastar de três a quatro horas por mês a fim de obter os mesmos resultados, segundo a empresa.
O cliente tem a opção de pedir à empresa que tente remover ou, ao menos, torne menos aparente qualquer item constrangedor.
O preço é de US$ 30 por item removido, mas, segundo Fertik, esse processo nem sempre é capaz de render resultados bons.
"Nós não investigamos os artigos jornalísticos ou os arquivos governamentais", afirma Fertik, que é formado na Faculdade de Direito da Universidade Harvard.
"As coisas que procuramos são coisas do dia-a-dia -talvez algum resquício dos anos de faculdade ou algo que sobrou em um fórum de discussão quando você era um funcionário em começo de carreira", exemplifica.
Para executivos, gerentes de fundos de "hedge" ou empresas com grandes orçamentos, a Reputation Defender oferece um produto, o MyEdge, que custa pelo menos US$ 10 mil e que promete medidas mais drásticas para melhorar a imagem do cliente.

Alternativas
Não é necessário ser rico, no entanto, para se apresentar da melhor forma possível quando o assunto é a internet.
Se você não gostar de alguma coisa que encontrou sobre você mesmo na rede, um dos melhores remédios é criar um blog.
Esse é um processo bastante simples e que pode ser feito em sites como o Blogger (www.blogger.com) e o WordPress (wordpress.org), entre outros.
Em seu próprio diário virtual, você poderá administrar sua identidade on-line por meio das postagens e conseguirá influenciar o resultado das buscas feitas com seu nome.
Os profissionais que dominam melhor seus computadores podem criar sua própria página.
No caso de um site ou de um blog ser algo desafiador demais, Fret Stutzman e Terrell Russell, dois estudantes Ph.D da Universidade da Carolina do Norte, fundaram uma empresa chamada claimID (claimid.com).
Essa empresa promete consolidar e reunir os resultados de buscas feitas com seu nome.
"Não inventamos nenhuma nova tecnologia", afirmou Russell. "Isso tudo já está à disposição. Alguém já pode fazer isso, se tiver paciência de ler a esse respeito, gastando horas com esse processo", diz.
Ele acrescenta um exemplo: "É possível até mesmo consertar o próprio carro, se alguém desejar realmente fazer isso".
O claimID começou dentro de um pequeno círculo de amigos, em janeiro de 2006, antes de passar a atender o público em geral, seis meses mais tarde.
O site oferece seu serviço de forma gratuita e possui cerca de 17 mil membros atualmente.
Segundo Russell, eles criaram o site -que permite, em resumo, que um usuário consolide sua identidade on-line em um único lugar -quando perceberam que, na qualidade de candidatos ao programa de doutorado ou como professores, teriam várias pessoas fazendo pesquisas on-line com seus nomes.
A Naymz (www.naymz.com) é outra empresa que cria páginas pessoais e links para sites como a rede social MySpace, blogs e álbuns de fotos on-line.
A Naymz depois coloca essas páginas no alto dos resultados de sites de busca, comprando anúncios que acompanham essa ou aquela palavra-chave no Google.
"A identidade on-line está se tornando cada vez mais importante", afirmou Tom Drugan, co-fundador da empresa.
"Isso é algo com o que as pessoas precisam se preocupar, especialmente os profissionais, que precisam saber o que está sendo dito a respeito deles na internet", afirmou.
Tradução de RODRIGO CAMPOS CASTRO


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