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São Paulo, quarta-feira, 23 de abril de 2003

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TECNOLOGIA

Empresas de energia elétrica fazem testes para oferecer serviço em áreas rurais sem acesso por cabo ou telefone

Rede elétrica é aposta para internet em banda larga

DA ASSOCIATED PRESS

Talvez a internet elétrica já esteja chegando a uma casa ou a um escritório perto de você: trata-se do acesso de alta velocidade à rede mundial por meio das onipresentes linhas elétricas, o que tornaria cada tomada uma conexão sempre ativa com a internet.
Se isso é impressionante, pense no seguinte: a Ameren, uma empresa de energia elétrica sediada em St. Louis, e outras companhias do setor nos Estados Unidos já estão testando a tecnologia, considerada cada vez mais viável.
Essa verdadeira tecnologia de plugue e use, caso seja considerada segura, conta com a aprovação das autoridades regulatórias federais, que querem ampliar a concorrência no segmento de banda larga, reduzir os preços ao consumidor e superar a barreira digital nas áreas rurais.
Isso porque praticamente todas as construções no país dispõem de uma tomada elétrica. "Isso simplesmente abriria todas as portas para as ofertas de serviços banda larga", diz Michael Powell, presidente da Comissão Federal de Comunicações (FCC).
Em nome da concorrência, "seguramente nós aplaudiríamos esse sistema", diz Edmond Thomas, diretor do Serviço de Engenharia e Tecnologia da FCC.
"Vamos passar por uma verdadeira disparada de empresas tentando entrar nesse mercado. É um desdobramento natural", diz Alan Shark, presidente da Power Line Communications Association, que inclui provedores de acesso à rede, como a Earthlink, além de empresas de eletricidade. "Isso mudará a maneira pela qual fazemos negócios na internet."
Embora os provedores existentes de banda larga por meio de TV a cabo ou linhas telefônicas considerem a tecnologia atraente, eles enfatizam que há anos ela vem sendo mencionada como uma possibilidade. Segundo essas empresas, nenhum avanço prático foi obtido até agora.
Os provedores de banda larga via cabo, como a Charter, de St. Louis, terceira maior companhia do setor nos Estados Unidos, acreditam ter vantagem porque seus serviços são conhecidos e eles podem vender pacotes de acesso de alta velocidade à internet e vídeo e até mesmo telefonia em alguns mercados.
"Se um dia chegar ao mercado, a banda larga via linhas elétricas certamente representará competição, mas acreditamos que os nossos produtos se sairiam bem nessa disputa", diz David Andersen, porta-voz da Charter, que tem cerca de 1,1 milhão de assinantes em seu serviço de acesso de alta velocidade.
Acredita-se que as linhas de energia poderiam transportar dados em velocidade semelhante à dos cabos de TV ou linhas telefônicas DSL. Como a eletricidade é mais comum do que os cabos ou mesmo as linhas telefônicas em residências, uma vasta e imensa infra-estrutura de comunicações poderia nascer do dia para a noite, especialmente nas áreas rurais, onde o acesso de banda larga está demorando a chegar.
Lá a escassez de potenciais assinantes não tem justificado o alto custo de instalação de cabos ou a construção de torres de recepção de satélite. Um relatório divulgado em dezembro de 2001 pela National Exchange Carrier Association, organização criada pela FCC, estimava que cabear todas as regiões rurais dos Estados Unidos exigiria um investimento de aproximadamente US$ 10,9 bilhões.
Mesmo nos locais onde a banda larga está disponível, muita gente encontra problemas para justificar gastos mensais de US$ 40 a US$ 50 por esse tipo de acesso, o dobro do preço dos serviços de acesso discado mais populares.
Agora a Ameren, que atende a 1,5 milhão de usuários de energia elétrica no Missouri e em Illinois, está estudando se sua carteira de serviços deveria incluir acesso de banda larga via sistemas de distribuição de média voltagem e, o mais importante, se esse tipo de serviço seria lucrativo.
Keith Brightfield, que comanda o projeto para a Ameren, diz que ainda é cedo demais para dizer quando a tecnologia poderia ser colocada em uso pela empresa, que não alega ser capaz de oferecer acesso de banda larga a preços inferiores aos dos provedores atuais. O objetivo, diz ele, é obter competitividade no acesso à internet sem perder o foco do negócio de energia, que é o feijão com arroz da Ameren.


Tradução de Paulo Migliacci


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