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Engenheiros criam interface para celular que não requer atenção visual
KATE GREENE
DA "TECH REVIEW"
As telas de muitos telefones
celulares são capazes de deixar
o usuário com a visão bem prejudicada, especialmente se a
atenção dele estiver dividida
entre selecionar teclas digitais
e caminhar ou dirigir.
Engenheiros do Google estão
testando interfaces para telefones celulares equipados com o
Android (sistema operacional
do Google para celulares) que
não requerem atenção visual.
No Google I/O, evento da
empresa para desenvolvedores
que aconteceu em San Francisco, no fim de maio, T.V. Raman,
cientista da computação e pesquisador do Google, apresentou uma interface circular para
telefones que interage com o
usuário por meio de resposta
auditiva e tátil.
"Estamos construindo uma
interface que ultrapassa a tela e
vai além dela", disse Raman. As
interfaces "eyes-free" (sem os
olhos) são frequentemente empregadas para usuários com deficiência visual, mas Raman,
que é cego, diz que elas têm
aplicações mais abrangentes.
"Isso não diz respeito apenas
a usuários cegos, mas a como
uma pessoa pode usar esses
dispositivos se não estiver em
condição de olhar para eles",
afirmou o pesquisador.
Interfaces "eyes-free" não
são novidade. Em 1994, Bill
Buxton, pesquisador da Microsoft, explorou a ideia de marcadores de menus -menus circulares pensados para ser mais fáceis de usar sem precisar selecionar uma opção do menu.
Nos últimos anos, Patrick
Baudisch, outro pesquisador da
Microsoft e professor do Instituto Hasso Plattner, na Alemanha, aplicou o método em menus de MP3 que interagem por
meio de resposta de áudio.
Raman e seu colega Charles
Chen demonstraram que uma
alternativa "eyes-free" pode ser
inserida, com apenas algumas
linhas de código, em quase todos os aplicativos do Android.
Os pesquisadores apresentaram a interface como um meio
de digitar números e localizar
contatos em um telefone. Um
problema com a maioria das interfaces gráficas, disse Raman,
é que as teclas possuem uma localização fixa, o que é inconveniente se a pessoa não for capaz
de distingui-las pelo tato. Para
solucionar esse problema, a interface desenvolvida por ele
aparece assim que um dedo toca na tela, a fim de que ela se
centralize nesse toque inicial.
Quando configurado como um
teclado numérico, o primeiro
toque se torna diretamente o
número 5. Ao deslizar o dedo
para cima e para a direita, o resultado é um 3 e, para baixo e
para a esquerda, um 7.
Conforme o dedo passa sobre
um número, o telefone vibra e,
quando o dedo é erguido, indicando que uma escolha foi feita, uma voz computadorizada
repete o número selecionado.
A fim de navegar pela agenda
de endereços, o usuário toca na
tela para criar um conjunto de
oito letras. Deslizar o dedo para
cima e para a esquerda, onde
está o A, abre um novo menu
circular de mais oito letras: B,
C, D e assim por diante. Segundo Raman, com esse método,
um usuário precisa mover os
dedos no máximo três vezes para selecionar qualquer letra.
Raman reconhece que as interfaces "eyes-free" ainda engatinham e que há muito para
aprender sobre o que os consumidores acreditam ser útil.
Uma maneira de melhorar a interações "eyes-free" seria por
meio de telefones que prevejam a intenção do usuário.
Por exemplo, é possível que
uma pessoa consulte os horários de chegada de um ônibus
depois do trabalho. O telefone
seria capaz de responder a um
gesto específico, como ao ato de
procurar pela letra B (de "bus",
ônibus em inglês) depois das
16h15 durante os dias da semana, e informar o horário de chegada do próximo ônibus.
Tradução de FABIANO FLEURY DE SOUZA CAMPOS
SEM TECLADO FÍSICO
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