São Paulo, quarta-feira, 24 de junho de 2009

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Engenheiros criam interface para celular que não requer atenção visual

KATE GREENE
DA "TECH REVIEW"

As telas de muitos telefones celulares são capazes de deixar o usuário com a visão bem prejudicada, especialmente se a atenção dele estiver dividida entre selecionar teclas digitais e caminhar ou dirigir.
Engenheiros do Google estão testando interfaces para telefones celulares equipados com o Android (sistema operacional do Google para celulares) que não requerem atenção visual.
No Google I/O, evento da empresa para desenvolvedores que aconteceu em San Francisco, no fim de maio, T.V. Raman, cientista da computação e pesquisador do Google, apresentou uma interface circular para telefones que interage com o usuário por meio de resposta auditiva e tátil.
"Estamos construindo uma interface que ultrapassa a tela e vai além dela", disse Raman. As interfaces "eyes-free" (sem os olhos) são frequentemente empregadas para usuários com deficiência visual, mas Raman, que é cego, diz que elas têm aplicações mais abrangentes.
"Isso não diz respeito apenas a usuários cegos, mas a como uma pessoa pode usar esses dispositivos se não estiver em condição de olhar para eles", afirmou o pesquisador.
Interfaces "eyes-free" não são novidade. Em 1994, Bill Buxton, pesquisador da Microsoft, explorou a ideia de marcadores de menus -menus circulares pensados para ser mais fáceis de usar sem precisar selecionar uma opção do menu.
Nos últimos anos, Patrick Baudisch, outro pesquisador da Microsoft e professor do Instituto Hasso Plattner, na Alemanha, aplicou o método em menus de MP3 que interagem por meio de resposta de áudio.
Raman e seu colega Charles Chen demonstraram que uma alternativa "eyes-free" pode ser inserida, com apenas algumas linhas de código, em quase todos os aplicativos do Android.
Os pesquisadores apresentaram a interface como um meio de digitar números e localizar contatos em um telefone. Um problema com a maioria das interfaces gráficas, disse Raman, é que as teclas possuem uma localização fixa, o que é inconveniente se a pessoa não for capaz de distingui-las pelo tato. Para solucionar esse problema, a interface desenvolvida por ele aparece assim que um dedo toca na tela, a fim de que ela se centralize nesse toque inicial.
Quando configurado como um teclado numérico, o primeiro toque se torna diretamente o número 5. Ao deslizar o dedo para cima e para a direita, o resultado é um 3 e, para baixo e para a esquerda, um 7.
Conforme o dedo passa sobre um número, o telefone vibra e, quando o dedo é erguido, indicando que uma escolha foi feita, uma voz computadorizada repete o número selecionado.
A fim de navegar pela agenda de endereços, o usuário toca na tela para criar um conjunto de oito letras. Deslizar o dedo para cima e para a esquerda, onde está o A, abre um novo menu circular de mais oito letras: B, C, D e assim por diante. Segundo Raman, com esse método, um usuário precisa mover os dedos no máximo três vezes para selecionar qualquer letra.
Raman reconhece que as interfaces "eyes-free" ainda engatinham e que há muito para aprender sobre o que os consumidores acreditam ser útil.
Uma maneira de melhorar a interações "eyes-free" seria por meio de telefones que prevejam a intenção do usuário.
Por exemplo, é possível que uma pessoa consulte os horários de chegada de um ônibus depois do trabalho. O telefone seria capaz de responder a um gesto específico, como ao ato de procurar pela letra B (de "bus", ônibus em inglês) depois das 16h15 durante os dias da semana, e informar o horário de chegada do próximo ônibus.


Tradução de FABIANO FLEURY DE SOUZA CAMPOS

SEM TECLADO FÍSICO
A operadora norte-americana T-Mobile apresentou o MyTouch 3G, novo celular da HTC com o Android, sistema operacional do Google; aparelho será vendido nos EUA a partir de 8 de julho


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