São Paulo, quarta-feira, 24 de setembro de 2008

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"Vídeo é um meio melhor para as massas", diz criador

Sol Lipman, um dos fundadores do 12seconds, usa serviço para manter contato com a família e gosta de acompanhar pessoas que moram em outros países

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Em entrevista concedida por telefone à Folha, Sol Lipman, um dos fundadores do 12seconds, explica a escolha do tempo de 12 segundos e conta como surgiu o site. (BR)

 

FOLHA - Qual foi a inspiração para criar o 12seconds?
SOL LIPMAN
- Existem por aí muitos serviços legais de streaming como o Qik e o Kyte, e nós pensamos como seria legal se a gente pudesse usar os nossos celulares para fazer atualizações em vídeo uns para os outros. As únicas pessoas fazendo isso eram os usuários do Twitter. Nós pensamos como seria legal usar vídeo para expressar o que você está fazendo, aonde você vai ou com quem você está. Vídeo é um meio muito mais envolvente. Colocar o limite de 12 segundos deixaria mais fácil para o consumidor desse conteúdo lidar com a quantidade.

FOLHA - Por que 12 segundos?
LIPMAN
- Fizemos testes com diferentes tempos, e 12 segundos pareceu o mais correto. Dez segundos é muito pouco, e qualquer coisa acima de 12 segundos é chata.

FOLHA - Que tipo de pessoa acessa esses vídeos?
LIPMAN
- Qualquer pessoa que tenha amigos. Uma coisa é receber de um amigo um e-mail ou uma atualização no Twitter dizendo o que está fazendo. Outra coisa é vê-los fazendo. Qualquer coisa é interessante por 12 segundos. A maior surpresa que tivemos até agora é um número incrível de pessoas que não fazem parte do site e que estão acessando os vídeos. Para cada pessoa gravando conteúdo, existem 60 assistindo a ele.

FOLHA - Acompanhar atualizações em vídeo, mesmo que eles sejam curtos, requer mais atenção do que em mensagem de texto. Isso é um desafio para o site?
LIPMAN
- A qualidade do conteúdo em mensagem de texto com 140 caracteres [como no Twitter] não é tão envolvente como em vídeo. Vídeo é um meio melhor para as massas. No Twitter, você pode ter 200 amigos que você não conhece muito bem. No 12seconds você terá 30 ou 40 bons amigos cujas ações você vai querer acompanhar diariamente.

FOLHA - Qual o obstáculo para o 12seconds se tornar tão popular quanto o Twitter?
LIPMAN
- Não há dúvidas de que seremos tão populares quanto o Twitter (risos). Nós já estamos mostrando um grande crescimento. Um grande desafio que temos é que o site funcione bem, e nós temos nos dedicado muito a isso.

FOLHA - Quantos vídeos você posta diariamente?
LIPMAN
- Uma média de dois vídeos por dia. Gosto de usar o serviço como qualquer um. Eu não tenho tempo para falar com a minha esposa durante o dia, mas poder ver a ela e ao meu filho num vídeo curto já faz o dia valer a pena. Também gosto de acompanhar pessoas que estão em outros países. Nós temos um homem que vive em Teerã e eu nunca pensei que poderia ter acesso à vida de alguém que mora no Irã. Isso é muito empolgante.

FOLHA - O acesso permite qualquer um ter seus "12 segundos de fama". O que você acha que Andy Warhol teria dito se ele pudesse ter tido acesso ao 12seconds?
LIPMAN
- Não falando apenas do 12seconds, mas também do MySpace ou Facebook, eu acho que ele ficaria fascinado com a nossa habilidade de sermos voyeurs da vida de pessoas que estão longe, como o iraniano. E todas as ferramentas para criar isso são incríveis. Não gosto de pensar em "12 segundos de fama" porque quero as pessoas usando o site no dia-a-dia, não apenas para criar incríveis 12 segundos. Isso é para o YouTube. O 12seconds é para conteúdo consumível, quase descartável. Quero que as pessoas acessem e gravem seja lá o que for sem pensar a respeito disso.

FOLHA - Mas sempre surgem "celebridades digitais"...
LIPMAN
- Isso é orgânico. As melhores coisas que acontecem on-line se dão acidentalmente. Os conteúdos mais envolventes você não pode produzir. Eu não estou preocupado em saber quando esse tipo de conteúdo será criado, mas vai acontecer. Nós criamos a plataforma. Alguma hora, alguém vai surgir e se tornar uma celebridade [do site].


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