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"Vídeo é um meio melhor para as massas", diz criador
Sol Lipman, um dos fundadores do 12seconds, usa serviço para manter contato com a família e gosta de acompanhar pessoas que moram em outros países
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Em entrevista concedida por
telefone à Folha, Sol Lipman,
um dos fundadores do 12seconds, explica a escolha do
tempo de 12 segundos e conta
como surgiu o site.
(BR)
FOLHA - Qual foi a inspiração para
criar o 12seconds?
SOL LIPMAN - Existem por aí
muitos serviços legais de streaming como o Qik e o Kyte, e nós
pensamos como seria legal se a
gente pudesse usar os nossos
celulares para fazer atualizações em vídeo uns para os outros. As únicas pessoas fazendo
isso eram os usuários do Twitter. Nós pensamos como seria
legal usar vídeo para expressar
o que você está fazendo, aonde
você vai ou com quem você está. Vídeo é um meio muito mais
envolvente. Colocar o limite de
12 segundos deixaria mais fácil
para o consumidor desse conteúdo lidar com a quantidade.
FOLHA - Por que 12 segundos?
LIPMAN - Fizemos testes com
diferentes tempos, e 12 segundos pareceu o mais correto. Dez
segundos é muito pouco, e
qualquer coisa acima de 12 segundos é chata.
FOLHA - Que tipo de pessoa acessa
esses vídeos?
LIPMAN - Qualquer pessoa que
tenha amigos. Uma coisa é receber de um amigo um e-mail
ou uma atualização no Twitter
dizendo o que está fazendo. Outra coisa é vê-los fazendo. Qualquer coisa é interessante por 12
segundos. A maior surpresa
que tivemos até agora é um número incrível de pessoas que
não fazem parte do site e que
estão acessando os vídeos. Para
cada pessoa gravando conteúdo, existem 60 assistindo a ele.
FOLHA - Acompanhar atualizações
em vídeo, mesmo que eles sejam
curtos, requer mais atenção do que
em mensagem de texto. Isso é um
desafio para o site?
LIPMAN - A qualidade do conteúdo em mensagem de texto
com 140 caracteres [como no
Twitter] não é tão envolvente
como em vídeo. Vídeo é um
meio melhor para as massas.
No Twitter, você pode ter 200
amigos que você não conhece
muito bem. No 12seconds você
terá 30 ou 40 bons amigos cujas
ações você vai querer acompanhar diariamente.
FOLHA - Qual o obstáculo para o
12seconds se tornar tão popular
quanto o Twitter?
LIPMAN - Não há dúvidas de
que seremos tão populares
quanto o Twitter (risos). Nós já
estamos mostrando um grande
crescimento. Um grande desafio que temos é que o site funcione bem, e nós temos nos dedicado muito a isso.
FOLHA - Quantos vídeos você posta diariamente?
LIPMAN - Uma média de dois vídeos por dia. Gosto de usar o
serviço como qualquer um. Eu
não tenho tempo para falar
com a minha esposa durante o
dia, mas poder ver a ela e ao
meu filho num vídeo curto já
faz o dia valer a pena. Também
gosto de acompanhar pessoas
que estão em outros países. Nós
temos um homem que vive em
Teerã e eu nunca pensei que
poderia ter acesso à vida de alguém que mora no Irã. Isso é
muito empolgante.
FOLHA - O acesso permite qualquer um ter seus "12 segundos de
fama". O que você acha que Andy
Warhol teria dito se ele pudesse ter
tido acesso ao 12seconds?
LIPMAN - Não falando apenas
do 12seconds, mas também do
MySpace ou Facebook, eu acho
que ele ficaria fascinado com a
nossa habilidade de sermos voyeurs da vida de pessoas que estão longe, como o iraniano. E
todas as ferramentas para criar
isso são incríveis. Não gosto de
pensar em "12 segundos de fama" porque quero as pessoas
usando o site no dia-a-dia, não
apenas para criar incríveis 12
segundos. Isso é para o YouTube. O 12seconds é para conteúdo consumível, quase descartável. Quero que as pessoas acessem e gravem seja lá o que for
sem pensar a respeito disso.
FOLHA - Mas sempre surgem "celebridades digitais"...
LIPMAN - Isso é orgânico. As
melhores coisas que acontecem on-line se dão acidentalmente. Os conteúdos mais envolventes você não pode produzir. Eu não estou preocupado em saber quando esse tipo
de conteúdo será criado, mas
vai acontecer. Nós criamos a
plataforma. Alguma hora, alguém vai surgir e se tornar uma
celebridade [do site].
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