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Energia solar leva internet à floresta
DA REPORTAGEM LOCAL
Três horas diárias, três vezes
por semana. Esse é o tempo médio que os índios das tribos dos
yawanawas e dos ashanincas podem ficar conectados à internet.
As aldeias contam com duas antenas de recepção de satélite cada
uma, mantidas por energia solar.
Ou seja, se o tempo estiver chuvoso, são menos dias. Se melhorar,
as comunidades podem se conectar cinco dias por semana.
Na aldeia dos ashanincas,
Shatsy, 22, usa um programa de
comunicação para bater papo on-line com Nane, 23, da aldeia dos
yawanawas. As duas lideram o
projeto de formação Rede Povos
da Floresta. Ambas foram as primeiras mulheres a fazer parte do
grupo, formado majoritariamente por homens.
Shatsy e Nane foram ao Rio de
Janeiro no ano passado e tomaram aulas para aprender a operar
o computador e acessar a internet, abrindo sites ou papeando.
Idealizado pelo CDI (Comitê
para Democratização da Informática), o projeto tem como objetivo a criação de escolas de informática para usar o computador
como ferramenta em cursos de
capacitação junto às etnias.
O CDI (www.cdi.org.br) fechou
parceria com a Comissão Pró-Índio do Acre (www.cpiacre.org.br), que também conta com
acesso à internet, mas com conexão de banda larga convencional,
uma vez que está localizada em
Rio Branco (AC).
Segundo Rodrigo Baggio, diretor-executivo do CDI, a parceria
com a Comissão Pró-Índio do
Acre "foi estratégica, uma vez que
eles recebem dezenas de etnias
para fazer cursos de capacitação".
O projeto foi iniciado em setembro do ano passado, quando três
aldeias -duas no Acre e uma no
Rio de Janeiro- receberam seus
respectivos computadores.
Hoje o comitê conseguiu colocar uma máquina na tribo dos xacriabás, próxima à região de
Montes Claros (MG).
Nessa aldeia, o processo de miscigenação está bastante alastrado.
Por essa razão, o desafio do CDI é
diferente: "Não se trata apenas de
informatizar o local, mas apoiar o
processo de resgate da cultura",
diz Baggio. Além da informatização e do uso da internet, há também a elaboração de apostilas e de
livros.
(MARIJÔ ZILVETI)
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