São Paulo, quarta-feira, 28 de dezembro de 2005

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Personalidade virtual mergulha em âmbito paralelo

DE NOVA YORK

Com nome e corpo novos, ingressar num mundo virtual pela primeira vez é mais esquisito do que chegar a um país estranho onde não se conhece nada nem ninguém.
Os primeiros dez minutos são surreais, porém didáticos: você tem de aprender como andar, sentar, mover objetos, dialogar, voar e se teletransportar. Depois disso, você está a sós com seu avatar -nome dado às figuras que habitam o mundo virtual e que representam os seus donos reais. O teletransporte oferecido para a Ilha da Democracia demorou dois segundos -e lá estavam Hiro Pendragon e Snoopybrown Zamboni. Com alguns comandos, é possível modificar o campo e o ângulo de visão, independentemente da perspectiva do personagem. Isso permite ver outras coisas sem perder proximidade do grupo, que é exigida para que se possa ouvir a conversa. Outro comando permite tirar fotos.


Os primeiros minutos são surreais: você aprende como mover objetos, voar e se teletransportar

É uma mistura estranha de sala de bate-papo e de videogame. A conversa, digitada, não é muito diferente de usar um comunicador instantâneo on-line ou de entrar numa sala de bate-papo. Mas há interação física entre avatares e é possível até comandar sua figura virtual para dar gargalhadas.
O tour pela ilha teve até skydiving (salto de avião com execução de manobras em queda livre antes que o pára-quedas seja aberto), com direito a um salto a 2.000 metros de altura, direto para o mar. Para chegar a um dos projetos, Snoopybrown sugere ir de jipe e faz surgir um.
"Já fez uma entrevista assim antes?", pergunta Snoopybrown. Objetos -roupas, móveis e equipamentos- são guardados num arquivo de inventário e podem ser arrastados para a tela. Depois do passeio, a reportagem conversou com Hiro Pendragon, 25, sobre o mundo virtual e suas atividades na realidade. (LS)
 

Folha - Qual o seu trabalho real? Pendragon - Sou técnico de acompanhamento de rede numa empresa de celular, mas quero que meu trabalho aqui seja minha renda principal.

Folha - Acontece muita coisa aqui dentro? Pendragon - Os jornais virtuais daqui nem arranham a superfície.

Folha - Existe um submundo? Pendragon - Nada secreto, não temos política de verdade. Mas as máfias brigam muito.


"Digam os que sentar e deitar são program as primitiv os se compara dos às animaçõ es oferecidas"

Folha - Trata-se de violência? É possível matar um avatar? Pendragon - Em áreas designadas, sim. Mas o Second Life não tem muitos combates.

Folha - E assaltos? Posso pegar suas coisas, por exemplo? Pendragon - Não. O que estou usando está grudado em mim.

Folha - Há encontros e romances? Pendragon - Nossa, muito.

Folha - E pornografia? Pendragon - Sim, mas são mais brinquedos adultos.

Folha - Como assim? Pendragon - Digamos que são mobílias desenhadas para excitar os avatares.

Folha - Não entendi. Mobília? Pendragon - Por exemplo, a cadeira é programada para que sentemos nela. Uma cama, para que deitemos. Digamos que sentar e deitar são programas primitivos se comparados com outras animações oferecidas (risos). (LS)

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