São Paulo, quarta-feira, 30 de janeiro de 2002

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MULTIMÍDIA

Segundo a Philips, que co-inventou o CD, tecnologia usada contra pirataria musical é ruim

Empresa critica sistema anticópias

DA REDAÇÃO

Para tentar dificultar a pirataria de músicas na internet, cinco grandes gravadoras -BMG, Universal, Sony, EMI e Warner- estão testando CDs de áudio com sistemas anticópia, que impedem a reprodução dos discos no PC ou dificultam sua transformação em arquivos do formato MP3, usado na troca de canções pela rede.
Mas a tecnologia antipirataria adotada pela indústria fonográfica é criticada pela multinacional holandesa Philips, que em 1978 desenvolveu o CD em parceria com a japonesa Sony.
"O que nós temos visto é problemático. Nós nos preocupamos, pois achamos que as gravadoras não sabem o que estão fazendo", afirma Gerry Wirtz, gerente do departamento de licenciamento da Philips que administra a marca CD (Compact Disc).
Os sistemas anticópia adotam duas estratégias para proteger um disco: a introdução de erros matemáticos que geram distorção sonora ou alterações na estrutura de gravação dos dados digitais.
Segundo empresas como a Macrovision (www.macrovision.com/solutions/newtech/safeaudio.php3) e a Midbar (www.midbartech.com/cactus.html), que desenvolveram os sistemas, os subterfúgios antipirataria impedem que os discos protegidos sejam ouvidos e copiados em PCs, mas não afetam sua execução nos toca-CDs comuns, que seriam capazes de corrigir defeitos e modificações intencionais.
O gerente da Philips se preocupa com a compatibilidade do sistema: "É extremamente difícil introduzir proteção anticópia sem perder a capacidade de ouvir qualquer CD em qualquer toca-discos", afirma Wirtz. Para ele, as gravadoras não poderiam identificar os novos discos como sendo CDs: "Elas precisam indicar ao consumidor que ele está comprando algo diferente".
O álbum "White Lilies Island", que foi um dos primeiros títulos da BMG a trazer um sistema antipirataria, foi devolvido às lojas por vários consumidores ingleses que não conseguiram ouvi-lo em seus toca-CDs. A trilha sonora "More Fast and the Furious", que foi lançada nos EUA pela Universal, trouxe um rótulo avisando o comprador de que o disco poderia não tocar em alguns aparelhos.
Como o padrão Compact Disc foi inventado há mais de 20 anos e existem diversos modelos de toca-discos digitais no mercado, é previsível que haja conflitos imediatos. Além disso, Wirtz se preocupa com as consequências a longo prazo: "Nós tememos que alguns desses discos funcionem quando novos, mas acabem apresentando problemas depois".
Em tese, isso poderia ocorrer porque os erros digitais introduzidos pelos sistemas anticópia forçam os circuitos de correção matemática presentes nos toca-CDs. Se o disco for riscado ou tiver sua superfície desgastada, a correção de erros poderia ser insuficiente para recuperar os dados originais, já que a distorção proposital se somaria àquela causada pelos danos naturais. As gravadoras não quiseram comentar o assunto.
Segundo a Apdif (Associação Protetora dos Direitos Intelectuais Fonográficos), os sistemas anticópia ainda não estão presentes em CDs vendidos no Brasil.

Intervalo
Nos EUA, as cinco gravadoras pediram uma pausa de 30 dias no processo que movem contra a Napster, que criou um programa para troca de arquivos MP3 e é acusada de pirataria. O julgamento será retomado em fevereiro.


Com agências internacionais


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