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CASA PRÓPRIA
As taxas de juro que corrigem as prestações mensais, o saldo devedor e o seguro inflam sua dívida
Financiamento imobiliário é mau negócio
da Redação
Se seu programa obrigatório nas
manhãs de domingo é folhear os
classificados à caça de oportunidades de negócio no ramo imobiliário, freie o impulso ao se deparar
com ofertas que parecem se encaixar direitinho no seu orçamento.
Ceder à tentação das pequenas
parcelas de entrada e assumir financiamentos a perder de vista podem custar horas de seu sono. Ainda mais se o governo não conseguir manter a inflação sob controle
e os juros continuarem nas alturas.
Nos financiamentos cobertos pelo SFH (Sistema Financeiro da Habitação), o índice usado para corrigir as prestações e o saldo devedor
é o mesmo que remunera a caderneta de poupança -a TR (Taxa
Referencial), apurada com base
nos juros médios dos CDBs (Certificados de Depósitos Bancários).
Se a taxa básica de juro sobe muito, o uso da TR na atualização dos
valores desequilibra as contas. O
efeito sobre o saldo devedor é perverso. Sobre a dívida, já atualizada
mensalmente, ainda incidem juros
contratuais de 12% ao ano.
Há um outro agravante. O saldo
devedor do financiamento é corrigido antes de abater a parcela de
amortização referente ao pagamento da prestação.
Dívida sobe
O efeito da aplicação desses índices sobre os financiamentos é desastroso. Mas não é apenas o efeito
da TR sobre os contratos que onera de maneira tão danosa os financiamentos imobiliários. O seguro,
no SFH, é pesadíssimo. Chega a superar 10% do valor da prestação
(leia texto abaixo).
Mesmo nos contratos firmados
agora, considerando um índice de
correção (TR) conservador, de 1%
ao mês, é difícil para o assalariado
pagar as prestações mensais até o
final do contrato.
Acompanhe na tabela abaixo. Se
fizer um financiamento de R$ 70
mil, num prazo de dez anos, você
só começará a ver sua dívida diminuir cinco anos depois de contratar o financiamento e depois de ter
pagado, em prestações, a soma de
R$ 92.552,89. E, ainda que o saldo
devedor diminua a partir daí, as
prestações continuarão subindo.
No pagamento da primeira prestação, sua dívida já terá aumentado.
Aplique os valores mensais da
prestação num fundo DI. Em 42
meses, você terá o montante necessário para a compra da casa
própria(leia texto na página ao lado).
Num cenário de altas taxas de juro, os estragos sobre os financiamentos imobiliários tendem a ser
maiores. Quem pegou, em 89, um
financiamento de R$ 101.313,56
(valor já corrigido monetariamente) desembolsou o equivalente a
R$ 177.532,80 até o final do contrato -75% de custo financeiro.
Até aí, nenhum problema, se o
preço do imóvel em questão tivesse acompanhado essa variação.
Mas, nos últimos nove anos, o preço do metro quadrado dos imóveis
caiu mais de 25%.
O desequilíbrio ocorreu em decorrência dos desajustes econômicos da época. De 89 até a edição do
Plano Real, o país conviveu com
crises sistemáticas na economia.
Foram baixados três planos econômicos e a inflação andou a galope. Chegou a 81,32% num único
mês, em março de 90. A dívida do
mutuário, naquele mês, quase dobrou de tamanho.
(ODETE PACHECO)
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