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ARTIGO
Administrador de fundos não tem bola de cristal
FABIO COLOMBO
Muitos investidores, numa mistura de desejo e ingenuidade, acreditam que os "experts" em mercado financeiro e investimentos
possuem uma espécie de bola de
cristal que os orienta sobre o comportamento futuro dos diversos
ativos de renda variável (ações),
no curto prazo.
Assim, esses "experts" teriam
condições de prever os pontos mínimos de baixa e os máximos de
alta das Bolsas de Valores, garantindo ao investidor acertar 100%
das operações que realizar. Em
tempos de grandes oscilações, como o atual, a esperança em torno
dessa inexistente bola de cristal
aumenta ainda mais.
E os administradores de recursos, pressionados por essa expectativa do mercado, muitas vezes
acabam se travestindo de visionários, alimentando a fantasia e produzindo, fatalmente, desilusões e
prejuízos.
Não convém, portanto, acreditar nessas previsões. Nossos estudos, com dados de cerca de 30
anos, demonstram que o acerto de
50% (que significa não possuir nenhum "expertise", pois,
nesse caso, só há duas opções de escolha: renda fixa e
renda variável) propicia um
retorno histórico de 12% ao
ano acima da inflação sobre
o capital investido.
Descontados taxa de administração e custos transacionais, o retorno chega a
10% ou 11% ao ano.
Analisado numa perspectiva de longo prazo, esse resultado é muito bom, já que
as metas atuariais dos fundos de pensão situam-se em
torno de 5% e 6% ao ano
acima da inflação.
Para dar uma idéia mais
correta da postura que o investidor deve assumir -ou
recorrer a uma imagem esportiva
-, no lugar de se comportar como um corredor em pista de cem
metros rasos, em que conta a
grande impulsão e busca de resultados imediatos, ele deve agir como um maratonista, perseguindo
objetivos consistentes, lá na frente.
Atualmente, diante da complexidade e incertezas do mercado, as
pessoas tendem a se utilizar, cada
vez mais, da assessoria de "experts" para orientar seus investimentos.
É importante o investidor ter
consciência do que pode esperar
de um "asset manager". Para
tanto, faço algumas recomendações. Em primeiro lugar, não se
iludir com a possibilidade de que
ele indique com precisão qual será
o comportamento do valor das
ações. Acredite que um pequeno
acerto no longo prazo é bem
melhor do que um grande
acerto imediato.
A transparência e diversificação de riscos também tem
um papel muito importante
para a segurança e alcance
dos objetivos do investidor.
Por último, o "asset manager" pode lhe propiciar acesso a mercados e taxas que o
investidor, por conta própria, não tem condições de
alcançar. Além disso, economicamente, não compensa a
ele constituir estrutura específica para esse fim.
Deve-se, portanto, entender esse "expert" como um
profissional que o auxiliará a
entender o cenário do mercado, e mostrará quais as alternativas possíveis dentro do perfil e objetivos de cada investidor, procurando acertar no atacado e não no
varejo. E não como um mago, dotado de bola de cristal, que acena
com ganhos polpudos mas que,
fatalmente, produzirá prejuízos e
frustrações.
Fabio Colombo é diretor de Asset Management
do Credibanco DTVM
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