São Paulo, segunda, 14 de setembro de 1998

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Cheque seu investimento

da Redação


A situação é conturbada, mas requer tranquilidade. Precipitar-se, neste momento, é arricar-se a perder dinheiro. Saiba quais os riscos das aplicações e avalie as perdas que você acumulou até agora (veja gráficos ao lado) e, só então, comece a analisar se é vantajoso migrar de um investimento para outro.
Considere a hipótese de se movimentar para aproveitar a alta dos juros e tentar recompor parte de seu patrimônio, mas cuidado. Se suas perdas são muito elevados, talvez seja melhor permanecer onde está e esperar a retomada do mercado.
Quem tem dinheiro aplicado nos fundos de renda fixa com carteiras em títulos prefixados, por exemplo, deve pensar duas vezes antes de mudar de aplicação. Na última semana, muitos desses fundos fizeram ajustes negativos em suas cotas por conta da alta nos juros. Se seu administrador já fez os ajustes, resgatar neste momento poderá ser um mau negócio (veja texto na pág. 2-7).
A recomendação é a mesma para quem aplica em Bolsa. Os investidores que acumulam perdas superiores a 40% em ações e não precisam do dinheiro no curto prazo devem esperar a retomada do mercado para sacar seus recursos, aconselham os analistas.
A reação do mercado nas próximas semanas dependerá, principalmente, do ritmo de saída de dólares. É a migração de recursos do país para o exterior que vai orquestrar todos mercados, a exemplo do que vem ocorrendo nas últimas semanas.
Isso acontece porque, à medida que as reservas vão minguando, aumentam as chances de uma desvalorização do real.


POUPANÇA

A caderneta de poupança é um investimento próprio para o pequeno aplicador. Trata-se de uma opção conservadora, mas de baixa rentabilidade no longo prazo. Quem buscou a poupança na crise de outubro teve uma perda de 5% em relação à variação dos fundos DI (já descontado o IR) até a última sexta-feira. A poupança é garantida pelo FGC (Fundo Garantidor de Crédito) até o limite de R$ 20 mil (incluídos os depósitos totais do correntista). Acima desse valor, o investidor corre risco de crédito do banco.

CDI

O CDI (Certificado de Depósito Interbancário) é a vedete desta crise, porque acompanha as taxas de juro diárias. A forma mais eficiente de entrar nesse mercado é aplicar em cotas de fundos de renda fixa FIF DI 60 dias. Os fundos de 60 dias não precisam recolher o compulsório de 5% ao Banco Central, obrigatório para os FIF DI de 30 dias. Assim, são mais interessantes. São aplicações conservadoras, principalmente os fundos que têm em carteira apenas títulos públicos federais atrelados à variação do CDI.

IBOVESPA

O Ibovespa (Índice da Bolsa de Valores de São Paulo) acumula no ano uma perda de 47%. Na última quinta-feira, as perdas chegaram a ultrapassar os 60%, mas o índice reagiu, na sexta-feira, e apresentou uma alta de 13,40%. É uma aplicação de altíssima voltagem neste momento. Como as ações estão baratas, pode ser uma opção de investimento para os mais agressivos, mas apenas para quem tem dinheiro disponível a longo prazo, pois as previsões são de que a Bolsa vai demorar a se recuperar.

OURO

A crise ajudou a recuperar o preço do ouro. O metal acumula uma valorização de 6,37% neste mês, acompanhando a cotação do dólar no mercado paralelo. Em 12 meses, contudo, o ouro acumula uma perda de 0,5%. Nos últimos anos, esse investimento que vem perdendo o brilho consistentemente, não apenas no Brasil, mas mundialmente. Do início do Plano Real, em julho de 94, até a última sexta-feira, o ouro acumula uma perda de 0,65%. Em 97, o metal apresentou uma queda de 14,6%.

CDB

Quem está com aplicações em CDBs (Certificados de Depósitos Bancários) acumula, no ano, um ganho médio de 16,9%. Trata-se de uma aplicação prefixada, cujo principal risco é o da própria instituição emissora do papel. Se um banco oferece uma taxa de CDB muito acima da média do mercado, isso pode estar refletindo o risco de o pagamento do papel não ser honrado. Na última sexta-feira, as taxas de CDB de bancos de primeira linha variavam de 23% a 31% (variação depende do volume da aplicação).

DÓLAR

O dólar chegou a ser negociado no mercado paralelo, na última sexta-feira, com um ágio de 12,81% em relação ao dólar comercial. Por conta da expectativa de que o governo seja, mais cedo ou mais tarde, forçado a promover uma desvalorização cambial, está havendo uma corrida à moeda. Neste mês, o dólar no mercado paralelo acumula uma alta de 6,3%; no ano, a moeda no black acumula valorização de 10,3%. Se o movimento de saída de capitais do país se mantiver nas próximas semanas, o black pode continuar a se valorizar.



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