São Paulo, segunda, 14 de setembro de 1998

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Saiba se é vantagem mudar

RODRIGO FRANÇA

da Reportagem Local

Antes de ficar saltando de uma aplicação para outra é importante analisar se a troca compensa.
No momento em que o dinheiro é retirado de qualquer aplicação, você perde 0,20% do valor movimentado para a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira).
"Como o mercado financeiro está se ajustando às novas taxas de juro, é melhor esperar mais umas duas semanas antes de trocar de aplicação", acredita Alcides Pasqualini, executivo da Caixa Econômica Federal.
A troca de aplicação só vale a pena caso o investidor resolva mudar de estratégia. "Só mude se você passou a acreditar em um cenário econômico que exige outro tipo de investimento", afirma Julius Buchenrode, diretor do Banco Real de Investimentos.
Além disso, é preciso que a rentabilidade líquida desse novo investimento seja, no mínimo, superior a 0,2% do rendimento da antiga aplicação. "Do contrário, o investidor estará trocando 6 por meia dúzia no curto prazo", explica Orlando Zainaghi Junior, gerente de administração de recursos do Banespa.
Por exemplo: quem tem uma aplicação de R$ 5.000 em FIF 60 dias, com rentabilidade no período (dois meses) de 4,0%, e permanece no fundo, receberá R$ 5.200 ao final dos 60 dias.
Se o investidor, no entanto, resolver tirar esses R$ 5.000 para aplicar em outro fundo, acabará pagando R$ 10 de CPMF. Assim, para chegar aos mesmos R$ 5.200 que teria se não tivesse feito a mudança, a rentabilidade do outro fundo deve ser superior a 4,2%. Se for de 4,21%, por exemplo, ele terá R$ 5.200,07. Por isso, é importante que a troca esteja visando o longo prazo, para compensar os custos da CPMF.

POUPANÇA

Esta não é a melhor hora para sair da caderneta de poupança. Por ser indexada à variação da TR (Taxa de Referência), a aplicação tende a ganhar com a alta dos juros. Há, ainda, a seu favor, a vantagem da isenção do Imposto de Renda. No longo prazo, porém, oferece baixa rentabilidade, mesmo para uma aplicação conservadora. Fundos indexados ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário), também uma opção conservadora, têm se mostrado, no longo prazo, bem mais atraentes do que a poupança.

CDI


Se seus recursos estão aplicados em fundos DI, não se mexa. Quem, no entanto, mantém investimentos em outros tipos de fundos de renda fixa 60 dias não troque de aplicação agora. Primeiro, verifique a carteira de seu fundo - mesmo sendo um renda fixa tradicional, há chances de seu administrador ter protegido a carteira contra a flutuação nas taxas de juro. Nesse caso, a troca de aplicação seria desastrosa, pois você teria de arcar com os custos da tributação, sem ter ganho adicional.

IBOVESPA

Sair agora da Bolsa significaria entregar boas empresas a preços muito baixos. Se você, no entanto, não pode aguardar a recuperação de preços, e terá de dispor do dinheiro nos próximos meses, avalie o melhor momento para se desfazer dos papéis. O prazo que você dispõe para manter esse dinheiro aplicado é a variável-chave para optar pelo resgate. Para aqueles que precisarão dos recursos nos próximos 30 dias, por exemplo, os analistas recomendam fazer o resgate antes das eleições.

OURO

A valorização do ouro neste mês reflete a expectativa de muitos investidores de que o governo promova uma desvalorização cambial. Contribuiu também para a alta a corrida para o dólar negociado no mercado paralelo. Os analistas, contudo, insistem que o metal não é mais um porto seguro no Brasil nem no exterior. Há outras formas mais eficientes de se proteger contra crises. Quem, no Brasil, correu para o ouro durante a crise asiática, em outubro do ano passado, chegou a julho deste ano amargando uma perda de 5,3%.

CDB

Para o pequeno e médio investidor, o CDB não é a melhor aplicação. Se quiser fazer esse tipo de investimento, a melhor opção são os fundos de investimentos FIF renda fixa 60 dias. É uma maneira de diversificar o risco -na carteira do fundo há CDBs de diversos bancos. Além disso, o administrador do fundo tende a negociar taxas melhores. Há também a vantagem da tributação: o cotista não paga CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) na renovação do CDB. mas apenas no resgate.

DÓLAR

Além de ser ilegal, o dólar paralelo pode ser um péssimo negócio. Os investidores que recorreram ao dólar paralelo para se proteger durante a crise asiática, em outubro do ano passado, ganharam 5% (de 30 de outubro até a última sexta-feira). A variação da taxa de juros, no mesmo período, foi de 21,4% (CDI). Os analistas recomendam aplicações em dólar apenas para quem tem dívidas atreladas à variação cambial. E, assim mesmo, há outras opções mais rentáveis do que o dólar paralelo.


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