São Paulo, segunda, 29 de março de 1999

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É melhor não concentrar suas aplicações

da Reportagem Local

O mineiro Mauro Coelho investe em ações há 13 anos. Já ganhou muito dinheiro na Bolsa, mas não tanto quanto perdeu na sua primeira aplicação, em 86.
Marinheiro de primeira viagem, ele investiu US$ 35 mil em ações da Wembley, uma indústria de confecções de Minas Gerais, do grupo Coteminas. Era o auge do Plano Cruzado, quando as Bolsas fervilhavam.
Um ano e meio depois, o plano já naufragara, as Bolsas despencavam e as ações da Wembley estavam quase virando pó. Coelho vendeu os papéis com um prejuízo de US$ 29 mil.
"Nunca vou esquecer. O dinheiro que perdi daria para comprar um apartamento na época", lamenta. O pior, segundo ele, foi ter deixado passar a oportunidade de realizar lucro com as ações.
Sua carteira chegou a valer US$ 50 mil, mas, esperando novas altas, ele não vendeu as ações. "Por inexperiência e ganância, eu me dei mal", acrescenta.
Os papéis da Wembley só voltaram ao pico atingido em julho de 86 em outubro de 94, no Plano Real. Um prazo, muito longo para esperar o retorno, durante o qual o papel chacoalhou numa montanha russa (veja gráfico nesta página).
Segundo Alexandre Mendes, operador da corretora Patente, Coelho cometeu alguns erros elementares: concentrar seus investimentos em um só papel e não observar a sua representatividade no Ibovespa (Índice da Bolsa de Valores de São Paulo).
Historicamente, a Wembley nunca pesou no índice, devido à sua baixa liquidez. Atualmente, a empresa tem uma atividade pequena na Bolsa.
No ano passado, chegou a ficar três meses sem negócios. "Mas, quando eles acontecem, o volume é de R$ 1,8 milhão por dia, em média", diz Fernando Exel, diretor da Economática.
É importante observar a representatividade de uma ação no Ibovespa antes de investir, pois ele reflete o volume financeiro (liquidez) e a evolução das cotações das 57 ações mais negociadas. Sua composição é revista a cada três meses.
"Em momentos de euforia nas Bolsas, os papéis menos negociados também ganham liquidez e preço", diz Mendes. Isso pode toldar a visão do investidor. "Quando a Bolsa cai, essas ações perdem valor rapidamente e o volume de negócios com elas também diminui", acrescenta. (SB)



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