São Paulo, segunda, 29 de março de 1999

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Evite decisões emocionais ao investir

da Reportagem Local

O economista Jesus Alfredo Ruiz Sulzer, 50 anos, de Campo Grande (MS), se considera um expert em finanças, devido à sua formação e experiência no campo financeiro.
Mas, nos últimos tempos, andava olhando com inveja o extrato bancário da mãe. "Enquanto ela vivia tranquila com sua caderneta de poupança, eu perdia dinheiro em ações", lamenta-se.
Sulzer aplicou R$ 48 mil no fundo de ações Strategy, do Unibanco, em fevereiro do ano passado. Esse fundo acompanhava o Ibovespa (Índice da Bolsa de Valores de São Paulo) e, quando a Bolsa caiu, o fundo veio abaixo. Em janeiro deste ano, Sulzer já havia perdido R$ 16 mil.
"Fiquei com medo de perder tudo e resgatei a aplicação no dia 12 de janeiro", conta ele. "Estava com vergonha de perder dinheiro no mercado, apesar de ser economista, enquanto minha mãe, já idosa, engordava sua poupança," diz.
Ele se arrepende daquela decisão. "Se tivesse tido mais sangue frio, teria recuperado parte das perdas", diz. "Fiquei sem saber o que fazer e me precipitei".

Hora errada
Desde meados de janeiro, as Bolsas passaram a descrever uma curva ascendente e Sulzer perdeu esse movimento. "Ele saiu no pior momento", diz Jorge Simino Júnior, diretor de renda variável da UAM (Unibanco Asset Management), administradora do Strategy.
Desde que Sulzer sacou seu dinheiro do fundo, no dia 12 de janeiro, a rentabilidade do Strategy subiu quase 50% (veja gráfico nesta página). "Com essa alta, ele teria recuperado os R$ 16 mil", acrescenta Simino.
O fundo continua abaixo do Ibovespa médio, que, no período, subiu 63,4%. Parte dessa alta se deve à puxada nos preços das ações da Lightpar, que inflaram o índice nas últimas semanas. "Mas, em abril, essa distorção será corrigida e o fundo poderá voltar a acompanhar o Ibovespa", diz o executivo.
Para Simino, o investidor cometeu dois erros: ele deixou passar a oportunidade de ganhos, sacando na baixa, e não procurou orientação do banco antes de resgatar a aplicação.
De fevereiro do ano passado, quando entrou no fundo, até agosto, Sulzer teve ganhos. Poderia ter saído naquela época.
Sulzer admite que agiu impulsivamente. "Numa situação dessas, a gente deve parar para pensar e buscar informações consistentes no mercado", diz. No entanto, ele revela não confiar muito nas orientações disponíveis.
"Os gerentes de banco sabem menos do que eu", diz. "Falta no mercado uma entidade independente para orientar o pequeno investidor."



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