São Paulo, segunda, 29 de março de 1999

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AÇÕES
BB poderá vender ações, mas há o risco de diluição de participações, com possível aumento de capital
Banco do Brasil procura novos acionistas

MARA LUQUET
Editora do Folhainvest

O BB (Banco do Brasil) poderá anunciar, nos próximos meses, uma oferta de venda de ações ao público. O programa, que chegou a ser cogitado no ano passado, poderá ser desengavetado a partir dos próximos meses.
Seria uma excelente oportunidade para quem quer aplicar parte de suas economias no maior banco brasileiro.
As ações do BB estão sendo cotadas a preços muito baixos e a oferta pode pressionar ainda mais esses papéis. A ação Brasil PN, que era cotada a R$ 0,015446 em maio do ano passado, foi negociada, na última sexta-feira, a R$ 0,00921, o que representou uma queda de 40% no período.
Mas, se você faz parte do time que quer se candidatar a esses papéis, cuidado ao fazer a análise do papel e, principalmente, observe os riscos dessas ações.
O maior deles, na avaliação do mercado, é a possibilidade de o BB fazer um novo aumento de capital ainda este ano.
Nesse caso, sua participação no capital da empresa seria diluída (se quisesse manter sua participação após a chamada de capital, você precisaria fazer um novo desembolso). Analistas, portanto, dizem que seria melhor esperar o aumento de capital, para, só então, fazer o investimento.
Pelas normas do Banco Central, o patrimônio líquido dos bancos que operam no Brasil tem de representar, no mínimo, 11% dos seus ativos (empréstimos), ponderados pelo risco do tomador.
No BB, esse índice (conhecido como alavancagem) é de 11,1%. No Banespa, a alavancagem é de 38,7%, no Unibanco, de 14,2%, no Bradesco, de 17,6%, e no Itaú, de 21,3%.
"Se o Banco Central aumentar a exigência do nível de capitalização do sistema financeiro, a alternativa será aumentar o capital do banco", diz Carlos Gonçalves Caetano, diretor financeiro do BB.
Segundo ele, o BB conseguiria se enquadrar se o Banco Central aumentasse a exigência para até 12%. Acima desse percentual, o banco teria de aumentar seu patrimônio líquido, exigindo um novo aporte de seus acionistas.
Essa declaração de Caetano frustrou alguns analistas que tinham a expectativa de ver a BB DTVM (Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários do BB) vendida ainda este ano.
"O dinheiro da venda serviria para a capitalização", diz João Paulo Tutti, analista da corretora Fator, Doria&Atherino.
Mesmo assim, ele mantém sua recomendação de compra para as ações do BB, pois o papel está sendo negociado a um preço que já embute as notícias ruins.



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