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IMÓVEIS
Velocidade de vendas é a menor em nove anos e os preços praticados pelo mercado estão nos níveis dos de 95
Avalie os negócios sem ignorar os riscos
ODETE PACHECO
Editora-adjunta do Folhainvest
Se você é daqueles investidores
que trocam a rentabilidade e a liquidez maiores oferecidas pelas
aplicações financeiras pela segurança dos imóveis, agora pode
acrescentar à lista de argumentos
para imobilizar dinheiro nesse
mercado um outro: a velocidade
das vendas dos imóveis é a mais
baixa dos últimos nove anos. Atingiu, em 98, 7,4% sobre o estoque de
apartamentos novos à venda na cidade de São Paulo, segundo dados
do Secovi (sindicato da habitação).
Vendas baixas, preços lá embaixo. O valor médio do metro quadrado em São Paulo está nos níveis
dos de junho de 95 (veja gráfico
abaixo). Comprar na baixa e vender na alta, como em qualquer
mercado, é a receita de um bom investimento. "É o momento para ir
às compras", diz o vice-presidente
do Secovi Sérgio Vieira.
Há um consenso em torno da
idéia de que os imóveis são ativos
reais, não sofrem intervenções do
governo nos períodos de crise econômica e, se não competem com as
aplicações financeiras em termos
de rentabilidade e liquidez, pelo
menos têm seu valor preservado.
São essas ponderações que fazem
muita gente concentrar seus investimentos em imóveis.
Mas atenção. Se você está pensando em engrossar esse time
-não na condição de comprador
do primeiro imóvel, aquele para
morar, mas de investidor que quer
aferir lucro com a transação-, então se comporte como se estivesse
colocando seus reais no mercado
financeiro.
Há boas oportunidades, mas
também há riscos nesse negócio.
"É preciso ser frio e calculista para
ganhar dinheiro com imóveis", diz
Victor Zaremba, autor do livro
"Cuidando do seu dinheiro".
Suas dicas para quem quer entrar
no ramo: não se afobe; escolha o
imóvel que melhor atenda a seus
objetivos -renda, valorização ou
ambos -; verifique sua qualidade
e localização; barganhe preço e
condições de pagamento.
Se a oferta ficar no limite do preço considerado bom, desista. Coloque o custo de corretagem na
conta. Concessões na hora da compra podem custar um bom dinheiro na hora da venda.
Há imóveis de boa qualidade a
bons preços, mas é preciso pesquisar. A exemplo do mercado financeiro, o leque de alternativas é amplo: terrenos residenciais ou comerciais, casas, apartamentos, salas comerciais, galpões industriais,
flats e lojas.
Difícil, para os leigos, é fazer a
opção, como para o profissional liberal Luiz Fernando Ardessore, 23
anos. Com o objetivo de ter sua
própria moradia, mas também de
começar a formar seu pé-de-meia,
o jovem quer investir suas reservas
financeiras num imóvel.
"Os lofts se encaixariam direitinho nas minhas necessidades. Ofereceram-me uma unidade de 90
metros quadrados que custa R$
180 mil.Poderia comprar, mas não
sei se estaria fazendo um bom negócio do ponto de vista financeiro", diz ele.
Projetos inspirados nos velhos
galpões industriais, os lofts são
planejados para homens e mulheres solteiros ou que vivem sozinhos. Dispensam as paredes que
separam um cômodo do outro e
dispõem de ampla infra-estrutura
de serviços.
Consultores imobiliários ouvidos pelo Folhainvest dizem que
esses despojados apartamentos
embutem o risco inerente aos produtos da moda: o de ser uma onda
passageira. Paga-se pelo charme e
corre-se o risco de, no médio prazo, ele ter de ser colocado à venda
com perdas sobre o capital investido no imóvel.
Ponderações em relação à funcionalidade do imóvel precisam
ser feitas na hora da decisão da
compra. Os flats, por exemplo, levam uma vantagem sobre os imóveis residenciais, que é a flexibilidade na negociação do prazo de locação e do valor do aluguel, já que
os reajustes não são orientados pela política econômica, mas pelas
leis de mercado. A desvantagem é
que funcionam como hotel. Há
muita rotatividade e, portanto,
custos elevados de manutenção e
preservação. Se não houver um
grupo de condôminos coeso e afinado, que aceita reinvestir parte
dos ganhos com a locação, o patrimônio é rapidamente deteriorado.
²Como em qualquer outro tipo
de investimento, o imobiliário deve ser analisado com cuidado. Mas
é um mercado interessante e de
grande potencial. E deve ser considerado.
Estudo feito pela empresa de origem alemã Bamberg Consultores
de Imóveis aponta que, entre as cidades que mais receberão investimento internacional imobiliário
nos próximos cinco anos, estão,
pela ordem, Xangai, Hong Kong,
Cingapura, Cidade do México e
São Paulo. Oportunidades existem. É só garimpar as boas.
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