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Quem é Habermas
Um dos principais filósofos da atualidade, o alemão Jürgen Habermas é também o expoente da segunda geração da
chamada Escola de Frankfurt -corrente
que, sob a direção de Max Horkheimer e
Theodor Adorno, procurou conciliar
Marx e Freud em uma crítica radical ao
totalitarismo e à cultura de massas.
A premissa dos frankfurtianos, depois
revista por Habermas, é a de que o nazifascismo seria só o efeito mais extremo
de um vício que permearia mesmo "democracias" como a americana: o predomínio da "razão instrumental", que,
concretizada pelas grandes corporações
burocráticas, faria do cálculo, do lucro e
da manipulação -vazios de ética- a
regra do convívio social.
Contra o pessimismo "excessivo" de
seus mestres, Habermas aposta que a
utopia iluminista -a razão como emancipação- não está esgotada no presente. "Teoria da Ação Comunicativa"
(1981), sua principal obra, evoca autores
de matrizes teóricas díspares, como
Kant, Hegel, Husserl e Apel, para justificar a tese de que o discurso teria uma base universalista e uma "vocação" de
transparência, o que permitiria às sociedades modernas -despidas do peso de
tradições dogmáticas- articular consensos a partir do livre entrechoque de
argumentos racionais.
Para que esse ideal de uma "opinião
pública" esclarecida seja viável, porém,
Habermas crê ser indispensável a vigilância contra os riscos de distorção latentes ao sistema político, à mídia e à ciência
subordinada a interesses econômicos.
Em obras mais recentes, como "Direito e
Democracia" (ed. Tempo Brasileiro) e
"A Constelação Pós-Nacional" (ed. Littera Mundi), Habermas aplica sua noção
de razão comunicativa à discussão de temas jurídicos e dos impasses do Estado
nacional no contexto da globalização.
Nascido em Düsseldorf, em 1929, Habermas estudou em Göttingen, Zurique
e Bonn. Colaborou com o Instituto de
Pesquisa Social, em Frankfurt, de 1955 a
1959. Sucedeu a Horkheimer na cátedra
de filosofia e sociologia na Universidade
de Frankfurt, pela qual se aposentou em
1994.
(Caio Caramico Soares)
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