São Paulo, domingo, 06 de janeiro de 2002

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Quem é Habermas

Um dos principais filósofos da atualidade, o alemão Jürgen Habermas é também o expoente da segunda geração da chamada Escola de Frankfurt -corrente que, sob a direção de Max Horkheimer e Theodor Adorno, procurou conciliar Marx e Freud em uma crítica radical ao totalitarismo e à cultura de massas.
A premissa dos frankfurtianos, depois revista por Habermas, é a de que o nazifascismo seria só o efeito mais extremo de um vício que permearia mesmo "democracias" como a americana: o predomínio da "razão instrumental", que, concretizada pelas grandes corporações burocráticas, faria do cálculo, do lucro e da manipulação -vazios de ética- a regra do convívio social.
Contra o pessimismo "excessivo" de seus mestres, Habermas aposta que a utopia iluminista -a razão como emancipação- não está esgotada no presente. "Teoria da Ação Comunicativa" (1981), sua principal obra, evoca autores de matrizes teóricas díspares, como Kant, Hegel, Husserl e Apel, para justificar a tese de que o discurso teria uma base universalista e uma "vocação" de transparência, o que permitiria às sociedades modernas -despidas do peso de tradições dogmáticas- articular consensos a partir do livre entrechoque de argumentos racionais.
Para que esse ideal de uma "opinião pública" esclarecida seja viável, porém, Habermas crê ser indispensável a vigilância contra os riscos de distorção latentes ao sistema político, à mídia e à ciência subordinada a interesses econômicos. Em obras mais recentes, como "Direito e Democracia" (ed. Tempo Brasileiro) e "A Constelação Pós-Nacional" (ed. Littera Mundi), Habermas aplica sua noção de razão comunicativa à discussão de temas jurídicos e dos impasses do Estado nacional no contexto da globalização.
Nascido em Düsseldorf, em 1929, Habermas estudou em Göttingen, Zurique e Bonn. Colaborou com o Instituto de Pesquisa Social, em Frankfurt, de 1955 a 1959. Sucedeu a Horkheimer na cátedra de filosofia e sociologia na Universidade de Frankfurt, pela qual se aposentou em 1994. (Caio Caramico Soares)


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