São Paulo, domingo, 7 de junho de 1998

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Capitalismo e cultura em Viena

do enviado especial

Paul Johnson esteve em Viena como um dos 23 conferencistas convidados pelo Project Syndicate, organização não-governamental que reúne 44 jornais e revistas, sobretudo do Leste Europeu, para uma conferência sobre as relações entre capitalismo e cultura.
O "parti-pris" implícito era mais ou menos o seguinte: com o recuo do Estado nos países europeus que pertenceram ao bloco comunista, haveria uma dose aconselhável de mercado para que a alta cultura prosseguisse em seu papel?
Ou ainda: como preservar a produção nacional de cultura de massa num mercado globalizado em que os Estados Unidos hoje não têm concorrentes?
As intervenções de Johnson foram bem-humoradas e sarcásticas. Qualificou de perigoso o chamado imperialismo cultural, mas citou como maior exemplo a influência da pintura francesa no final do século 19 para, a partir do impressionismo, pôr em xeque as formas figurativas de expressão.
O historiador britânico acredita prevalecer uma espécie de darwinismo no mercado internacional do pensamento e dos modismos. Mas, em lugar de os mais fortes sobreviverem, quem sobrevive são os mais eficientes.
"Get to the market and fight" (entre no mercado e lute), lançou como uma mistura de conselho e palavra de ordem. A França, hoje resistente à globalização, foi beneficiada no pós-guerra por sua própria competência ao se impor nas idéias e na moda com Jean-Paul Sartre e Christian Dior.
O Project Syndicate se propõe a assessorar a mídia privada nos países europeus que saíram do comunismo. A conferência de três dias (24 a 26 de abril), em Viena, foi co-patrocinada pelo Instituto de Ciências Humanas, um órgão local de pesquisas acadêmicas, e pelo governo da Áustria.



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