São Paulo, domingo, 08 de julho de 2007

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+ Urbanismo

Guarda-chuva de vidro cobrirá Les Halles, em Paris

Núcleo de cultura, comércio e transporte que revitalizou o centro da capital francesa passará por grande modificação

EMMANUEL DE ROUX

Como qualificar a nova silhueta do Les Halles, apresentada à imprensa no último dia 2 pelo prefeito de Paris, Bertrand Delanoë (socialista)?
As metáforas mais numerosas foram pelo lado animal: uma medusa interpretada por um mestre vidraceiro, raia-manta ondulante, caixa torácica gigante de uma espécie desconhecida.
Os autores do projeto, Patrick Berger e Jacques Anziutti, o aproximaram do vegetal batizando-o de "Dossel" -a copa das árvores. "A natureza tem horror do esforço inútil", indicou Berger.
"Quisemos dar a esse edifício uma geometria simples, uma forma viva nascida do solo, que se impõe por si só, um abrigo na dimensão do local, abrindo-se para perspectivas do jardim assim como para a igreja de Santo Eustáquio e a Bolsa do Trabalho."
É, portanto, um imenso guarda-chuva, com materiais mistos à base de vidro, que se estenderá até a extremidade do jardim desejado por David Mangin, o arquiteto premiado no concurso de urbanismo hoje encarregado de coordenar os diversos projetos do Les Halles.
Ele ocupará cerca 5.000 metros quadrados no lugar dos pavilhões construídos por Willerval há 30 anos, ao redor do fórum, que a equipe premiada transforma radicalmente.

Cratera profunda
O guarda-chuva gigante (será possível passear em suas estruturas) se erguerá a 8 ou 10 metros acima do chão. O jardim de David Mangin se prolongará sob esse abrigo em pátios internos.
Para atingir as estações subterrâneas do metrô, que deverão ser reformadas, uma profunda cratera será aberta sob a capa translúcida, irrigada por uma bateria de escadas-rolantes. Um jogo de passarelas permitirá atravessar horizontalmente esse novo espaço semi-aberto.
Diversas incertezas ainda cercam esse projeto elegante, sedutor. Elas se referem sobretudo ao cronograma da obra -a inauguração está prevista para 2012, o que parece cedo- e seu custo -120 milhões de euros.
As obras não deverão interromper as atividades comerciais nem os transportes, que levam 800 mil pessoas por dia. "O coração de Paris não deve parar de bater", lembrou Delanoë.
Resta resolver principalmente questões técnicas -elas serão capitais-, apenas evocadas.
Traduzidos em tamanho natural, o material "opalescente, transparente, autolimpante", a estrutura do prédio e seus eixos de circulação conservarão essa "poesia" que seduziu o júri?

Este texto foi publicado no "Le Monde". Tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves.


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