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De "ornamental" a "ki-suco de framboesa", obra é atacada pelos críticos
Agnaldo Farias
(curador do Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo)
"A confluência entre o excelente trabalho de marketing -divulgar em altos
brados a presença em coleções tão importantes como
a de Bill Clinton e Silvester
Stallone faz grande efeito
em gente facilmente impressionável- e a natureza
decorativa e agradável do
seu trabalho -próximo do
"ki-suco" de framboesa,
uma suave diluição de poéticas pop, a começar por
Lichtenstein, muito ao gosto do quarto de crianças e
sandálias de dedo- explica
o sucesso de Britto."
Fernando Cocchiarale
(curador do Museu de Arte
Moderna do Rio de Janeiro)
"Atribuo o "sucesso" dele
ao sucesso que a mídia brasileira noticiou que ele fazia nos EUA. Foram citados
nomes de celebridades políticas e do show business
como colecionadores de
Britto. Não sei as razões
que o levaram (se é que é
verdade... Talvez o tenham
tomado como um mangá
exótico dos trópicos... Sei
lá. Eles também são muito
cafonas) a fazer sucesso
nos EUA, mas aqui foi por
um fascínio mimético pelo
Primeiro Mundo cultivado
pelas elites brasileiras."
Luiz Camillo Osório
(crítico e curador)
"Sucesso de venda é algo
que exige competência, não
traduz necessariamente
qualidade artística (ou falta dela). Não tenho nada a
dizer sobre o sucesso das
pinturas dele, mas não gosto delas, acho um trabalho
fácil -diferentemente da
boa arte, que é simples,
mas não é fácil. Se for para
ficar no campo da pintura,
prefiro defender a obra de
Eduardo Sued, Carlos Vergara, Cristina Canale ou
Paulo Pasta."
Cristiana Tejo
(curadora da Fundação Joaquim Nabuco, em Recife)
"Por se tratar de algo ornamental, o trabalho de Britto fica bem em caixas de
sabão, sandálias e cadernos, pois algumas estampas são realmente "bonitas". Mas como a arte deixou de ser algo destinado
ao deleite estético simplesmente e passou a ser
um questionamento do que
é arte e de seus limites, seu
trabalho se presta perfeitamente a enfeitar, mas
não nos traz nenhuma crítica ou mesmo reflexão."
Rafael Campos Rocha
(crítico de arte do Centro
Cultural São Paulo)
"A prática artística é complexa. Exige conhecimento
tanto da tradição quanto do
contexto contemporâneo
cultural e artístico. Agregar uma mídia nova de forma acrítica não acrescenta
nada não só à arte como à
técnica empregada.
No caso dos construtivistas, que tinham uma postura de anti-arte que era, na
verdade, anticonservadora,
foi diferente. Eles queriam
acabar com todas as esferas idealistas autônomas e
previlegiadas. Coisa que eu
não acho que uma loja nos
Jardins [bairro de SP em
que fica a loja de Romero
Britto] queira, mesmo porque, que me conste, o que
Britto e outros artistas
querem é vender utensílio
doméstico a preço de arte,
não o contrário."
(JM)
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