São Paulo, Domingo, 09 de Maio de 1999
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SETE OBRAS REVOLUCIONÁRIAS

do Conselho Editorial

1) A primeira grande revolução musical ocorreu em meados do século 12 e resultou na eclosão da polifonia, em Paris, e passou a ser chamada Escola de Notre Dame. Gravações recomendadas: Orland Consort, "Mystery of Notre Dame" (Archiv).

2) A segunda revolução musical, aquela que instala o Renascimento e encerra o estilo gótico, é muito difusa. Alguns autores consideram a adoção da Ars Nova por Vitry e Machault em meados do século 14 como o momento crítico da transição. Embora essa escolha traga algumas dificuldades de ordem historiográfica, não resta dúvidas de que a "Missa Papae Marcelli" de Machault já contém, embora de maneira simplificada, todos os elementos característicos do estilo dominante na música do Renascimento. Gravação recomendada: Ensemble Jules Binchois (Harmonic Records).

3) A terceira obra revolucionária que aqui consideramos é as "Vespro della Beata Vergine" de Monteverdi. Embora o marco inicial para adoção de um novo estilo tivesse sido o seu quinto livro de madrigais, as "Vésperas" constituem um exemplo mais generoso, pois incluem as duas práticas, além de monodias. Capela Real - Saval (Astree).

4) A quarta obra revolucionária aqui sugerida é a série de quartetos opus 33 de Joseph Haydn, que escolhemos para representar a criação da forma-sonata, porque é nesta série de seis quartetos que Haydn finalmente estabelece o desenvolvimento temático como conceito central do estilo clássico. Quatuor Mosaiques (Astree).

5) O romantismo eclodiu de todos os lados, mas a primeira obra, ainda formalmente clássica, que no entanto transborda de expressão individualista é a "Sinfonia 3" ("Heróica") de Beethoven. Harnoncourt, The Chamber Orchestra of Europe (Teldec).

6) O fim do classicismo-romantismo foi anunciado por Debussy em seu breve "Prélude à l'Après-midi d'un Faune", Munique, Boston Symphony Orchestra (RCA).

7) Seria impossível caracterizar a transição entre os períodos moderno e contemporâneo, pois cada autor desenvolveu seu próprio estilo. Neste caos pluralístico não há obra mais bem sucedida que o "Rito da Primavera", de Stravinski. Rattle, CBSO (EMI).



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