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Há alternativas, novos temas ou enfoques que devam ser incorporados ao ensino de economia?
4. Repor a razão na história
LUIZ GONZAGA BELLUZZO
ESPECIAL PARA A FOLHA
Ao longo do século 19, a
economia abandonou
definitivamente os
constrangimentos da política e
inventou o Homo oeconomicus.
Dotado de conhecimento perfeito, esse ser, produto da mais
absurda abstração, busca maximizar sua utilidade ou os seus
ganhos, diante das restrições
de recursos que lhe são impostas pela natureza ou pelo estado da técnica.
Os sistemas sociais nascidos
desse paradigma dominante
em economia não dispõem de
uma estrutura intrínseca, isto
é, esgotam-se nas propriedades
atribuídas aos indivíduos racionais e maximizadores, partículas que definem a natureza
da ação utilitarista e que jamais
alteram seu comportamento
na interação com as outras partículas carregadas de "racionalidade".
Os manuais de economia
mais badalados acatam as chamadas teorias novo-clássicas,
com expectativas racionais.
Elas afirmam que a estrutura
do sistema econômico no futuro já está determinada agora.
Isso porque a função de probabilidades que governou a economia no passado tem a mesma distribuição que a governa
no presente e a governará no
futuro. A historicidade da vida
social vaza pelo ralo.
Para os que dissentem dessa
visão, a economia é um saber
que está obrigado a formular
suas hipóteses levando em
consideração o tempo histórico, dimensão em que se desen-
rola a ação humana.
Ela deve se entregar ao estudo do comportamento dos
agentes privados em busca da
riqueza, no marco de instituições sociais e políticas construídas pelas ações e decisões
coletivas do passado, ou seja,
pela história.
LUIZ GONZAGA BELLUZZO é economista e professor aposentado da Unicamp. É autor de "Ensaios Sobre o Capitalismo no Século 20" (ed.
Unesp).
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