|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
+trecho
Santa padroeira salvou a cidade das águas em 451, diz autor em novo livro
O relacionamento
entre Paris e seu
rio sempre foi
precário. A despeito de toda a
vida que o Sena nutriu, o rio
também provocou morte e
destruição, sob a forma de
enchentes periódicas.
O bispo e historiador Gregório de Tours registrou uma
grande inundação do Sena no
ano 582, que se espalhou por
centenas de acres e chegou a
reativar temporariamente o
antigo braço norte do rio, que
secara havia muito tempo.
Em 814, em um livro sobre
milagres na cidade, um autor
anônimo escreveu que, quando "Deus quer castigar o povo
de Paris pela água, ele envia
uma enchente enorme e faz o
rio Sena transbordar de maneira nunca antes vista, de tal
modo que a cidade inteira é
inundada e só é possível deslocar-se de barco".
Uma enchente, em 886,
destroçou a Petit-Pont, que
atravessava o rio entre a Île
de la Cité, no centro de Paris,
e a margem esquerda do rio.
"De repente", descreveu
uma testemunha ocular, "no
silêncio da noite, o meio da
ponte desabou, carregado pela ira de ondas furiosas que
crescem e transbordam".
Entre 886 e 1185, a Petit-Pont foi destruída dez vezes
pela elevação da águas; e, como testemunho da obstinação parisiense, a cada vez foi
reconstruída.
Durante séculos, os parisienses pouco puderam fazer
senão apelar para uma força
superior. Em 1206, quando
quase metade da cidade ficou
debaixo d'água, o povo exortou os líderes da igreja a invocar a ajuda divina de Genoveva, a santa padroeira de Paris.
Procissão sombria
O bispo da cidade, Eudes de
Sully, tirou as relíquias de Genoveva da igreja da abadia no
alto da colina da margem esquerda, hoje ocupado pelo
Panteão, e liderou uma procissão sombria de parisienses
que desceu pela encosta.
Reverenciada havia muito
tempo por ter unido Paris
contra uma invasão de Átila, o
Huno, em 451, santa Genoveva compareceu em espírito
para ajudar a cidade.
Segundo a história oficial,
após a missa rezada na Notre
Dame com suas relíquias presentes, as águas começaram a
recuar, milagrosamente.
Deixando a catedral para
conduzir as relíquias da santa
de volta à abadia, a grande
procissão atravessou a Petit-Pont. Após os fiéis terem
atravessado a água, no momento exato em que o bispo
recolocou o relicário sobre o
altar, a Petit-Pont veio abaixo. Ninguém se feriu -foi o
segundo milagre do dia.
Trecho de "Paris Debaixo d'Água".
Tradução de Clara Allain .
Texto Anterior: Cidade catástrofe Próximo Texto: +(a)utores: Corpos fechados Índice
|