São Paulo, domingo, 15 de novembro de 1998

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THE OWL

I saw my world again through your eyes As I would see it again through your children's eyes. Through your eyes it was foreign. Plain hedge hawthorns were peculiar aliens. A mystery of peculiar lore and doings. Anything wild, on legs, in your eyes Emerged at a point of exclamation As if it had appeared to dinner guests In the middle of the table. Common mallards Were artefacts of some unearthliness, Their wooings were a hypnagogic film Unreeled by the river. Impossible To comprehend the comfort of their feet In the freezing water. You were a camera Recording reflections you could not fathom. I made my world perform its utmost for you. You took it all in with an incredulous joy Like a mother handed her new baby By the midwife. Your frenzy made me giddy. It woke up my dumb, ecstatic boyhood Of fifteen years before. My masterpiece Came that black night on the Grantchester road. I sucked the throaty thin woe of a rabbit Out of my wetted knuckle, by a copse Where a tawny owl was enquiring. Suddenly it swooped up, splaying its pinions Into my face, taking me for a post.


TED HUGHES, poema extraído de "Crow"

A CORUJA
Eu vi meu mundo de novo através dos seus olhos Como eu o veria de novo através dos seus olhos de criança(s). Através dos seus olhos era estrangeiro. Simples cercas de espinheiros eram estranhos peculiares, Um mistério de peculiar sabedoria/lição e façanhas. Qualquer coisa animal, com pernas, aos seus olhos Surgia feito um ponto de exclamação Como se tivesse aparecido aos convidados do jantar No meio da mesa. Marrecos comuns Eram artefatos de alguma estranheza, Seus galanteios eram um filme hipnogógico Desenrolado pelo rio. Impossível Compreender o conforto de seus pés Na água gelada. Você era uma câmera Gravando reflexos que você não podia sondar. Eu fiz meu mundo exibir-se ao máximo para você. Você aceitava tudo com uma alegria incrédula Como uma mãe levada ao seu novo bebê Pela parteira. Seu frenesi me fez zonzo. Acordou minha tola, extasiada infância De quinze anos atrás. Minha obra-prima Veio nessa negra noite na estrada de Grantchester. Suguei o aguçado lamento gutural de um coelho dos nós dos dedos molhados, por um bosque Onde uma coruja parda estava interrogando. Subitamente atacou-me, roçando suas asas Sobre meu rosto, tomando-me por um poste.


Poema extraído de "Crow".
Tradução de FELIPE FORTUNA




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