São Paulo, domingo, 15 de dezembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

POR OLGÁRIA MATOS

O QUE LER

Homo Sacer
de Giorgio Agamben, trad. Henrique Burigo, ed. UFMG (tel. 0/xx/31/3499-4650), 214 págs., R$ 30,00.
Trata-se de uma obra sobre o estatuto político do "estado de exceção" na contemporaneidade cujo emblema é Auschwitz (um capítulo é dedicado a Walter Benjamin) e o que se entende por "vida", a partir dos étimos gregos zoe e bios. "Homo Sacer" procede do direito criminal romano e sancionava, simultaneamente, a sacralidade de uma pessoa, tornando impunível sua morte.

Sobre a Crítica Literária Brasileira no Último Meio Século
de Leda Tenório da Motta, editora Imago (tel. 0/ xx/21/2242-0627), 212 págs., R$ 25,00.
Reflexão fecunda acerca da crítica literária no Brasil. Trabalha os significados de "mímesis" e de "país periférico", em particular no projeto modernista articulado no grupo Clima e na Noigandres. Na tradição do "amor ao conhecimento", este livro ensina, também, o amor à literatura.

Ilíada
de Homero, tradução de Haroldo de Campos, ed. Arx (tel. 0/xx/11/3649-4600), dois volumes, R$ 57 (cada volume).
O poema filosófico, em edição bilíngue, na miraculosa tradução de Haroldo de Campos, que estabelece interlocuções com as escolhas tradutórias dos mestres que o antecederam em português e demais línguas modernas.

Pensando o Ritual - Sexualidade, Morte, Mundo
de Mario Perniola, trad. Maria do Rosário Toschi, ed. Studio Nobel (tel. 0/xx/11/3061-0838), 264 págs., R$ 26,00.
O eixo desta reunião de ensaios é o conceito de "mímesis" e sua diferença entre os gregos e os romanos clássicos, passando pela "simulação" moderna, na análise da erótica na Contra-Reforma até a sociedade do espetáculo contemporânea.

Walter Benjamin - Melancolia e Tradução
de Susana Kampff Lages, Edusp (tel. 0/xx/ 11/3091-4008), 254 págs., R$ 26,00.
O livro reflete acerca dos fundamentos filosóficos da tradução, da aura do tempo e do trabalho do luto nos clássicos contemporâneos, como Walter Benjamin, Jacques Derrida, Haroldo de Campos.

O QUE NÃO LER

Semiótica e Filosofia da Linguagem
de Umberto Eco, trad. Mariarosaria Fabris e José Luiz Fiorin, ed. Ática (tel. 0/xx/11/ 3346-3000), 304 págs., edição esgotada.
Livro de semiótica sem filosofia, uma vez que se estreita no plano descritivo do signo e nem sequer tangencia questões de filosofia da linguagem e de fenomenologia.

Relações de Força
de Carlo Ginzburg, trad. Jônatas Batista Neto, Companhia das Letras, 216 págs., R$ 29,50.
O livro se dispõe a interpelar a época da historiografia minimalista -a "do cotidiano"- em nome de duas tradições antitéticas -a da retórica (Nietzsche) e a da prova (Aristóteles)-, passando pela história da cultura, perdendo a filosofia, a arte e a literatura.

A Inclusão do Outro
de Jürgen Habermas, editora Loyola (2002), 390 págs., R$ 36,00.
Não cumpre a promessa do título. Inviabiliza compreender o porquê do "retorno a Schmitt" no "apogeu" do pensamento racional -isto é, e exatamente, a exclusão do Outro na política entendida como exercício de particularismos organizacionais.

Manifestos Midiológicos
de Régis Debray, ed. Vozes (tel. 0/xx/24/2233-9000). 224 págs., R$ 25,40.
Procura realizar uma "epistemologia" da mídia e permanece no plano do déjà vu sobre imagem e comunicação.

Dos Meios às Mediações
de Jesús Martín-Barbero, trad. Ronald Polito e Sérgio Alcides, editora UFRJ (tel. 0/ xx/ 21/2295-1595, ramais 111 e 124), 360 págs., R$ 25,00.
Promete mediações para compreender a cultura midiática de massa e repete, empobrecidas, análises filosóficas frankfurtianas sobre cultura de massa e indústria cultural.

Olgária Matos é professora de filosofia na USP e autora de, entre outros, de "A Polifonia da Razão" (Scipione).


Texto Anterior: por Fábio de Souza Andrade
Próximo Texto: por Marcelo Coelho
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.