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Mídia
O rei da CNN
Há 22 anos entrevistando popstars e presidentes no principal canal de notícias do mundo, Larry King fala da infância pobre e da vida como celebridade
MARGARET KEMP
O apresentador de
TV Larry King, 73,
nasceu no
Brooklyn, em Nova York. Sem diploma universitário, teve vários empregos, incluindo o de
entregador de pacotes, antes de
tornar-se mundialmente famoso com seu programa de entrevistas "Larry King Live", que há
22 anos é transmitido pelo canal de informações CNN.
King vive em Beverly Hills
com sua mulher, Shawn Southwick, e os dois filhos deles.
Na entrevista abaixo, ele fala
da vida dura na infância e da vida como estrela.
PERGUNTA - Descreva sua infância.
LARRY KING - Meu pai era austríaco, minha mãe, imigrante
russa. Vivíamos num bairro de
classe média, apesar de sermos
de classe média baixa. Meu pai
morreu quando eu tinha 9 anos
e minha mãe precisou da assistência da Previdência Social
para nos sustentar, a mim e
meu irmão. Foi duro, mas tive
uma infância maravilhosa.
PERGUNTA - Foi frustrante ser pobre, não poder cursar a faculdade?
KING - Não foi problema. Minha fantasia, desde os dez anos
de idade, era trabalhar no rádio
ou na televisão. Estou vivendo
meu sonho. Muitas vezes eu me
belisco para ter a certeza de que
é tudo verdade.
PERGUNTA - Você olhava para casas grandiosas e dizia a você mesmo: "Um dia..."?
KING - Não havia casas grandiosas em Bensonhurst. Quando íamos a Manhattan e caminhávamos pela Park Avenue ou
quando íamos a Miami, então
sonhávamos sonhos grandiosos, meu irmão e eu, como fazem todos os garotinhos.
PERGUNTA - Você é afetado pelo lugar onde se encontra?
KING - Sabe de uma coisa engraçada? Sempre sou o mesmo.
Vou a um ambiente e me adapto a ele. Se estou em um hotel,
não sinto saudades de minha
casa. Por falta de um termo melhor: sou um sujeito comum.
PERGUNTA - Você se interessa por
decoração de interiores ou deixa tudo nas mãos de Shawn?
KING - Não entendo nada de
decoração. Shawn tem ótimo
gosto. Só quero vir para casa,
me sentar numa poltrona confortável e ver cores agradáveis.
PERGUNTA - Qual é o seu cômodo
favorito?
KING - São dois: a sala dos troféus, que é elegante e muito
descontraída, e a sala de estar
principal, que é iluminada e
arejada, onde temos todos os
televisores Sony mais modernos, de tela plana. A casa tem
televisores Sony por toda parte.
PERGUNTA - A casa tem uma sala
de mídia ou "home cinema"?
KING - Você quer dizer o tipo
de lugar onde se pode ter mil
filmes e tudo isso? Sim, mas
ainda não usei. A gente vai colocá-la para funcionar assim que
eu puder chamar alguém para
apertar os botões certos. Não
sou um sujeito técnico. Tenho
horror à tecnologia moderna.
Não uso nem mesmo e-mail.
PERGUNTA - Você já entrevistou
desde popstars até presidentes. Você recebe pessoas em casa?
KING - [O cantor] Lionel Richie
já esteve aqui, e [o ator] Al Pacino. Nancy Reagan é uma boa
amiga nossa. A primeira inspeção completa da casa que ela fez
levou duas horas.
PERGUNTA - Você cozinha?
KING - Não. Não sei nem se
consigo fazer café e sou péssimo com torradas. Preciso que
me tragam minha comida
pronta.
PERGUNTA - A arte é uma parte essencial de sua toda casa. Você é colecionador?
KING - Sim, temos várias obras
de arte. Peter Max, um artista
americano de talento que pinta
em cores fortes e belíssimas, é
bom amigo nosso. Tenho um
bico-de-pena de Picasso e prezo muito o desenho que Al
Hirschfield fez de mim, uns dez
anos atrás, que é incrível. Como
disse Katharine Hepburn, "o
desenho conta a história inteira". Gosto da sensação de ter
arte e escultura pela casa.
PERGUNTA - Você já escreveu 13 livros. Como arruma tempo?
KING - Pode não parecer, mas
na realidade trabalho apenas
uma hora por dia, então tenho
bastante tempo livre. Depois de
levar os meninos à escola, eu dito e escrevo.
E já estive em 22 filmes. O último é "Bee Movie", a comédia
animada de Jerry Seinfeld sobre uma dupla de amigos insetos que estréia em novembro
[nos EUA]. Sinto tanto prazer
com o que faço -escrever, fazer
meu programa, viajar por aí fazendo discursos, contar piadas,
brincar com os meninos.
PERGUNTA - Se você não vivesse
em Beverly Hills, onde viveria?
KING - Em San Francisco. É
minha cidade favorita. Gosto
do ar refrescante, das colinas,
da sofisticação, dos restaurantes. Não é um centro da mídia,
mas eu viveria lá facilmente.
PERGUNTA - Recentemente, você
fez uma homenagem a Elvis no
"Larry King Live", apresentando o
programa a partir de Graceland. Alguma vez você se sente encurralado, como Elvis?
KING - Nem um pouco. Vivemos no circuito das celebridades. As pessoas passam por
aqui o tempo todo para tirar fotos da casa. E se elas não se interessassem? Seria deprimente. Vou lhe contar uma coisa: eu
estava andando numa rua na
África do Sul e um sujeito saiu
de um barraco e disse: "Larry
King Live". Falei: "Você só pode
estar brincando".
PERGUNTA - Se alguém sem diploma universitário viesse procurá-lo,
em busca de emprego, você lhe daria uma chance?
KING - Sem dúvida nenhuma.
Algum dia esse alguém pode
querer comprar minha casa.
A íntegra deste texto saiu no "Financial Times".
Tradução de Clara Allain
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