São Paulo, domingo, 18 de março de 2007

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A união pelo consumo

O único sistema ideológico que de fato enredou até as classes dominantes é o consumismo, porque é o único que foi até o fundo e que produz certa agressividade, já que essa agressividade é necessária ao consumo.
Se alguém é puramente submetido, segue o instinto puro da submissão, como o velho camponês que abaixava a cabeça e se resignava -coisa tão sublime quanto o heroísmo.
Agora esse espírito de submissão e resignação já não existe, pois onde está o consumidor que se resigna e aceita sua condição arcaica, retrógrada e inferior? Ele deve lutar a fim de elevar seu status social.
"Eu baixo a cabeça em nome de Deus" já é uma grande frase. Enquanto agora o consumidor não sabe mais baixar a cabeça; ao contrário, crê estupidamente que a baixa e tem os seus direitos. Aliás, está sempre ali, reivindicando seus direitos, acreditando neles, quando na verdade é um pobre cretino.[...] Não creio que existirá um tipo de sociedade em que o homem seja livre.
Portanto, é inútil esperar por isso. Já não é preciso esperar por nada. A esperança é algo horrendo, inventado pelos partidos para manter seus filiados tranqüilos.


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