São Paulo, domingo, 20 de julho de 2008

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Cultura

Não é brincadeira

Anunciantes driblam leis para estimular consumo de produtos não-saudáveis, diz relatório

JEROME TAYLOR

As crianças ainda são alvos de fabricantes de "junk food" que anunciam seus produtos pela internet ou por meio de promoções "virais", apesar da proibição no Reino Unido de anúncios de TV promovendo alimentos pouco saudáveis para menores de 16 anos.
Um relatório do grupo de defesa dos consumidores Which?
[Qual?] revela que empresas que fabricam produtos com alto teor de sal, gordura e açúcar continuam a usar táticas testadas e comprovadas para promover alimentos menos saudáveis para o público infanto-juvenil ao mesmo tempo em que exploram táticas de publicidade de "porta dos fundos" para evitar os regulamentos.
Em janeiro deste ano, devido à preocupação com o aumento da obesidade infantil, foi proibida a veiculação de comerciais de "alimentos pouco saudáveis" na TV.

Novas táticas
Mas os defensores dos consumidores dizem que as empresas estão agindo com astúcia crescente, encontrando outras maneiras de anunciar seus produtos para as crianças.
O relatório constatou que, além do emprego de técnicas tradicionais para comunicar-se com o público infantil e juvenil -como personagens de quadrinhos, vinculações com filmes e o endosso de celebridades-, os fabricantes de "junk food" vêm promovendo seus produtos para crianças por meio da web, de sites de jogos ou concursos patrocinados em celulares, cujos participantes podem ganhar prêmios.
Sue Davis, do Which?, explicou: "Não nos opomos aos alimentos gostosos nem ao marketing, mas combatemos as práticas irresponsáveis das empresas e as promessas feitas por elas da boca para fora".
"Basta percorrer qualquer supermercado para ver a quantidade de personagens de quadrinhos que convencem as crianças a escolher a opção menos saudável. É hora de todos os fabricantes de alimentos começarem a fazer sua parte e voltar sua enorme gama de técnicas de marketing criativas e persuasivas para a venda de alimentos mais saudáveis às crianças, em lugar dos menos saudáveis", conclui ela.
Embora as leis britânicas estejam entre as mais duras do mundo no que diz respeito à regulamentação de como e quando as empresas podem anunciar seus produtos para o público infantil, os sites de marcas têm liberdade total em relação a seus conteúdos, como jogos e promoções, já que estes são classificados como conteúdo editorial.

Mudanças na lei
Desde 1º de janeiro passado, numa tentativa de fazer frente à preocupação crescente com a obesidade infantil, os anúncios promovendo alimentos pouco saudáveis foram proibidos na televisão em programas populares com as crianças menores de 16 anos.
Os canais via satélite voltados ao público infantil têm até dezembro para fazer a retirada progressiva desses anúncios.
Muitos ativistas da saúde dizem que o governo deveria ter proibido toda e qualquer publicidade de "junk food" exibida antes das 21h.
A Campanha Alimentação Infantil estima que 18 dos 20 programas mais assistidos pelas crianças não são cobertos pela proibição, por serem classificados como programas adultos.
Já as emissoras de TV argumentam que a qualidade da programação infantil será prejudicada devido à queda na receita publicitária.


A íntegra deste texto saiu no "Independent".
Tradução de Clara Allain.


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