São Paulo, domingo, 22 de maio de 2005 |
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+ sociedade Estudo lançado na França aponta a dificuldade do Estado em assumir neutralidade em questões sexuais Um direito perverso
DO "LE MONDE"
Pergunta - Na medida em que a moral tradicional declinou, a liberdade sexual foi reconhecida como uma liberdade em si. Mas ela continua "enquadrada e precária" (Lochak), para quem "a regra jurídica tem dificuldade para livrar-se das considerações morais". O que isso quer dizer? Daniel Borrillo - Se a proteção da liberdade sexual continua problemática é porque uma forma de moral (que não diz seu nome) assume muitas vezes o lugar do direito. A noção de dignidade humana, utilizada para restringir a liberdade sexual, manifesta melhor que qualquer outra o imperativo moral transcendental que se impõe aos direitos subjetivos e às liberdades individuais. Além disso, a hesitação a invocar abertamente a proteção da moral tradicional faz recorrer a outros motivos socialmente mais aceitáveis, como a proteção dos fracos ou a dignidade das mulheres. Mas o resultado continua sendo o mesmo: suprimir a liberdade. Pergunta - O senhor afirma que, em
termos de liberdade sexual, atravessamos "um período de crise". O que
entende por isso?
Com efeito, se são as mulheres heterossexuais que se encontram muitas vezes colocadas em situação de inferioridade, o que se deveria limitar não é tanto a liberdade sexual de modo indistinto, mas a dos homens heterossexuais em particular. Utilizar o argumento da dominação masculina para cercear todas as formas de liberdade sexual me parece, portanto, abusivo. Sem fazer essa distinção fundamental, certas feministas tornaram-se aliadas objetivas dos conservadores. Pergunta - A partir dos exemplos da
prostituição e do sadomasoquismo, o
sr. indica a "enorme dificuldade para
assumir o princípio da neutralidade
ética do Estado em assuntos sexuais". Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves. Texto Anterior: + autores: O construtor de inversões Próximo Texto: Relato de um novo mundo Índice |
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