São Paulo, domingo, 22 de junho de 2008

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JOÃO ADOLFO HANSEN

O autor
Não há maior. A literatura não é um concurso de miss Geléia Real. Ambos são grandes escritores porque não reduzem sua arte a nada fora dela mesma.
Não ensinam nada, não querem agradar ninguém, escrevem contra as ideologias do leitor. Machado nega. Não tem nenhuma esperança em nada, dissolve o pleno das representações, produz vazio. Rosa afirma. Crê no amor universal, agrega as representações em um vazio que muitos pensam ser religioso. Não é.
Em ambos, o sentido final é a indeterminação do sentido como diferença irredutível aos sistemas de interpretação do leitor. Em ambos, a indeterminação da forma sugere ao leitor o sentido objetivo da liberdade da arte.

A obra
"Dom Casmurro", em que a semelhança que fundamenta o verossímil do romance romântico, realista e naturalista é sistematicamente destruída. "Grande Sertão: Veredas", em que as representações letradas e iletradas do Brasil são dissolvidas num vácuo humorístico, nonada.


JOÃO ADOLFO HANSEN é professor de literatura brasileira na USP, autor de "A Sátira e o Engenho" (ed. Ateliê) e "Alegoria" (ed. Unicamp).


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