São Paulo, domingo, 24 de maio de 1998

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POEMA
SEM RUÍDO ALGUM DE SÍLABAS

ouço com isso outra coisa
o poço seria o coração
cada parede um tecido do vazio

vozes se juntam cúmplices de um crime incerto
alguém gostaria: sem comparação

eu jamais o vi assim

mão infantil
o dinheiro na parte mais sombria

ele falava de blocos de espaço
e de blocos de duração

refletir, claro: a mão dele sobre o papel

é o exercício mais baixo
que permite seguir
uma redução geográfica

eles esperavam ser percebidos

... apoiada contra duas imagens

avançar dentro do escuro
tudo calmo no exterior de um corpo

dizer a você uma só coisa
(sem nisso usar a boca
nem a língua
e sem ruído algum de sílabas)

os gestos de raiva
uma gestação de fios

líquido de mim se aparta

Tradução de Régis Bonvicino.

SANS AUCUN BRUIT DE SYLLABES

j"entends par cela tout autre chose
le puits serait le coeur
chaque mur un accomplissement du vide

des voix s'y ajoutent complices d'un crime incertain
on se voudrait sans comparaison

je ne t'avais jamais vue ainsi

une main enfantine
l' argent dans la pièce la plus sombre

il parlait de blocs d' espace
et de blocs de durée

j'ai besoin de penser à ta main sur le papier

c'est l'exercice le plus bas
qui permet de suivre
une réduction géographique

ils attendaient d'être perçus

... appuyée contre les deux images

avancer dans le noir
tout est calme à l'extérieur d'un corps

te dire une seule chose
(sans y employer la bouche
ni la langue
et sans aucun bruit de syllabes)

des gestes de colère
une génération de tissage

liquide ne m'appartient pas

CLAUDE ROYET-JOURNOUD


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