São Paulo, domingo, 24 de junho de 2007 |
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"Emoções podem ser incompatíveis"
Um dos primeiros a lançar mão da lei nø 6.515, Gustavo Korte acha que as relações monogâmicas são mais sólidas atualmente
A lei do divórcio, sancionada há quase 30 anos, foi uma enorme conquista da sociedade brasileira. FOLHA - Como ocorreu a separação? GUSTAVO KORTE - Quando nos casamos, em 1958, eu tinha 20 anos e Glória, 18. Tivemos que pedir o consentimento dos pais dela, pois estávamos muito apaixonados. Mas paixões são formadas de emoções e sentimentos, e há momentos em que eles se tornam conflitantes e incompatíveis. Quando nos separamos, em 1968, havia o consenso de que, ainda que tivéssemos muito amor um pelo outro, a relação era impossível. Quando percebemos isso, decidimos nos desquitar e procuramos tratamento psicológico para nossos filhos. Eu só saí de casa quando a psicóloga disse que era o momento. FOLHA - E o sr. se casou de novo? KORTE - Sim, sou hoje casado há quase 30 anos com minha atual mulher, Elisabeth. Temos cinco filhos. No total, tenho 12 filhos e 30 netos. Eu a conheci mais ou menos em 1960, antes de me desquitar, mas nunca tivemos nada. Só fomos assumir nosso amor em 1969, depois de eu me desquitar. FOLHA - E a família dela aceitou tranqüilamente o fato de o sr. ser desquitado? KORTE - Na época foi muito difícil, pois a família de minha segunda mulher é muito tradicional, descendentes de italianos, rigorosos. Eles não receberam bem o fato de ela estar com um homem que já tinha sete filhos, principalmente porque não poderia haver casamento. FOLHA - Como o sr. vê a importância social do divórcio? KORTE - Essa lei, na minha opinião, foi uma conquista da sociedade brasileira. As relações monogâmicas, por força das liberdades que a sociedade contemporânea criou, me parecem hoje muito mais sinceras e sólidas do que aquelas do tempo anterior ao divórcio. Atualmente, a possibilidade que existe de você amar quem você quiser e de sair com quem você quiser dá espaço para que possamos eleger uma pessoa com mais clareza e, com essa pessoa, dar continuidade à vida em comum. FOLHA - E como o sr. vê a possibilidade que os casais de hoje têm de se divorciar com tanta agilidade nos cartórios (dependendo da situação, é possível divorciar-se no mesmo dia)? KORTE - Acho muito positivo, pois, se os processos acontecessem de forma mais agilizada, muitos conflitos poderiam ser evitados e as famílias poderiam manter-se mais unidas, e as relações, mais saudáveis. Eu tenho uma ótima relação com minha ex-mulher, o que tenho que atribuir a ela e à minha atual mulher. Mas, quando o casal começa a se atritar, é um problema. Se você não tem mais ânimo para levar adiante uma sociedade conjugal, para que prorrogar os problemas e tornar as coisas cada vez piores? Por isso a rapidez para resolver as coisas, nesse caso, ajuda muito. Os atritos podem tornar a vida insuportável. Texto Anterior: "O divórcio me fez sentir inteira" Próximo Texto: Divórcio aos 30: Mulher sofre mais na hora de recasar Índice |
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