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A nova cidade luz
Ícone do mundo editorial alemão, a Suhrkamp troca Frankfurt por Berlim e divide o mundo cultural do país
LORRAINE ROSSIGNOL
Será que Berlim, que
brilha cada vez mais
no cenário internacional, irá absorver
agora o mundo literário da outra margem do Reno,
depois de já ter feito o mesmo
com a arte e a música? A imprensa alemã se faz essa pergunta desde que a editora
Suhrkamp, instalada em
Frankfurt desde sua criação,
em 1950, oficializou sua transferência para a capital até 2010.
Porém 80% dos colaboradores da editora, incluindo seus
acionistas mais importantes,
discordaram da mudança. Mas
de nada adiantaram suas opiniões: as malas começarão a ser
feitas em pouco tempo.
Para Ulla Unseld-Berkéwicz,
viúva de Siegfried Unseld (o sucessor de Peter Suhrkamp,
morto em outubro de 2002),
não há o que discutir.
"Hoje é Berlim que assume o
lugar de laboratório. A Suhrkamp precisa estar em Berlim,
portanto", disse a diretora da
casa que sempre se distinguiu
pela posição de vanguarda, pelo talento para atrair os maiores escritores e pelo interesse
pela literatura estrangeira.
E Unseld-Berkéwicz ainda
cita seu marido morto: "Aquilo
que Berlim talvez ainda não seja hoje, ela vai se tornar: o centro nevrálgico e decisório da
cultura alemã".
Volta dos anos dourados
Frankfurt -que, como centro financeiro, não possui os
encantos boêmios de Berlim,
mas se orgulha de abrigar a
maior feira de livros do mundo- fez de tudo para conservar
seu maior nome literário.
Devido às dificuldades econômicas enfrentadas pela
Suhrkamp há vários anos, a cidade chegou a doar um novo
prédio para sua sede. Em vão.
Essa decisão unilateral corre
o risco de não aliviar a imagem
de autoritária conquistada por
Unseld-Berkéwicz desde que
assumiu as rédeas da Suhrkamp, em 2003, em meio a um
clima de luta pelo poder.
Enquanto vários colaboradores (como o escritor Martin
Walser ou o influente crítico
Marcel Reich-Ranicki) já abandonaram o barco da Suhrkamp
nos últimos anos, agora foi o escritor suíço Adolf Muschg que
resolveu fazer o mesmo.
Só Berlim não esconde sua
alegria e seu orgulho. A chegada
da Suhrkamp irá assinalar a
volta dos "anos dourados" (os
anos 1920), quando a capital
alemã irradiava sua luz para toda a Europa? É a esperança que
nutrem os berlinenses na esteira da queda do Muro.
Vinte anos depois desse marco, "a cidade hoje está pronta
para voltar a ser a grande metrópole alemã da edição que foi
no passado", assegura o ministro da Economia da cidade-Estado, Harald Wolf.
Quase 200 editoras já teriam
se instalado às margens do rio
Spree. "E isso é apenas o começo", garante o prefeito da cidade, Klaus Wowereit.
A íntegra deste texto saiu no jornal "Le Monde".
Tradução de Clara Allain .
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