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"Origem do Drama Barroco Alemão"
MARCIO SELIGMANN-SILVA
ESPECIAL PARA A FOLHA
Durante minha graduação, a obra que mais me
marcou e até hoje é fonte de leitura prazerosa
foi o livro de Walter Benjamin, "Origem do
Drama Barroco Alemão". Publicado originalmente em 1928, após ter sido recusado como tese de livre-docência pela Universidade de Frankfurt, este livro
foi descoberto apenas aos poucos ao longo da segunda
metade do século passado. Seu caráter revolucionário e
inusitado explica em parte o ritmo dessa recepção. Hoje,
ele é considerado um dos mais brilhantes e fecundos ensaios daquele século.
O pensador berlinense analisa o teatro alemão do período barroco (o "Trauerspiel") baseado em uma interessantíssima filosofia da linguagem. Ele desenvolveu uma
teoria da escritura (destacando suas tensões com a linguagem falada) que, entre outros aspectos, antecipa genialmente a "Gramatologia" (Perspectiva) de Jacques
Derrida (o segundo livro que mais me marcou então).
Em vez da leitura filológica tradicional, de cunho positivista, Benjamin introduziu também uma reflexão estética e histórica. Ele abordou seu objeto a partir de dois conceitos-chave: o de alegoria e o de melancolia. A ousadia
da análise lhe custou caro, mas o ganho para a história do
pensamento é incomensurável.
Marcio Seligmann-Silva é professor de teoria literária na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e autor de "Adorno" (Publifolha),
entre outros.
A obra
"Origem do Drama Barroco Alemão", de Walter Benjamin. Trad. e
org. de Sergio Paulo Rouanet. Ed. Brasiliense (esgotado).
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