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...com cerveja, caipirinha ou água de coco
CLÁUDIO ASSIS
ESPECIAL PARA A FOLHA
Trilogia Suja de Havana
de Pedro Juan Gutiérrez, tradução de Ari Roitman e Paulina
Wacht, ed. Alfaguara
Este livro traz, com muito talento, relatos de uma franqueza que
não se usa atualmente.
Existem muitas especulações
sobre o caráter político ou não
dos livros de Gutiérrez, mas
acho que o grande lance é a capacidade e a sabedoria de botar a
cabeça para fora de sua janela,
olhar ao seu redor e estar em
sintonia com o momento histórico que sua gente vive.
Melhores Poemas
de Carlos Pena Filho, org. Edilberto Coutinho, ed. Global
É o poeta da cor, da imagem.
Cantou as ruas de Recife e Olinda com um lirismo romântico da
mais alta qualidade.
Meu segundo filme, "Soneto do
Desmantelo Blue", é inspirado
em sua obra, e começo "Baixio
das Bestas" com um poema seu
sobre o tempo. Sou um grande
amante de sua poesia e lamento
seu esquecimento e a não publicação de suas obras.
Meu Último Suspiro
de Luis Buñuel, trad. André Telles, ed. Cosac Naify
Entre muitos livros sobre o cinema e seus autores, esse é sem
dúvida o meu preferido. Ajudado
por seu roteirista, Jean-Claude
Carrière, Buñuel deu um depoimento sobre a vida, a arte e o cinema, marcado pela simplicidade e pela lucidez.
Neste livro, tece uma delicada
teia de memória que nos projeta
com leveza nos momentos mais
importantes para a arte no século 20. É uma autobiografia que
ensina muito mais sobre cinema
que mil livros de teoria.
O cineasta surge, sobretudo, como um homem de seu tempo,
atento, político e conectado com
diversas formas de expressão
artística.
Hoje vejo que a importância deste livro é cada vez maior para o
cinema mundial, pois nos mostra que o cineasta não é simplesmente um imediatista que procura sucesso ou simplesmente
agradar o público.
Ele é muito mais um artesão de
sentimentos, comprometido
com ideias e ideais.
Sempre aos Domingos
de Renato Carneiro Campos, ed.
Bagaço
Segundo suas próprias palavras,
o jornalista e cronista Renato
Carneiro Campos é um homem
"preso ao Recife com a resignação de um condenado à prisão
perpétua".
Com muito senso crítico e inteligência, narra os principais acontecimentos no Recife entre 1969
e 1977. Traz em si toda a tradição do cronista nordestino de
uma forma moderna e divertida.
Rompe com o estereótipo do intelectual de elite ao lançar-se
em uma jornada de paixão pela
sua cidade e por sua gente.
Seu trabalho nos jornais é uma
das faces desse homem que soube transformar a erudição em
um bem comum.
Poesia Completa e Prosa
de Vinicius de Moraes, org. Alexei Bueno, ed. Nova Aguilar
Poeta universal, capaz de exprimir da forma mais bela os sentimentos mais tristes.
Entre tantos poemas seus, nutro
apreço especial por "Mensagem
à Poesia".
Meu próximo filme ["Febre do
Rato"] é sobre um poeta e sua
atitude libertária. O poeta não é
somente quem escreve poesia, é
também aquele que se extasia,
vibra e se emociona com a vida,
tem fome e sede de infinito.
Eu persigo a poesia em todos os
meus filmes, embora saiba que
essa busca nunca acabará, não
terá uma conclusão ou um fim
provável. Para mim, a poesia é a
melhor leitura que existe.
CLÁUDIO ASSIS é cineasta. Dirigiu "Amarelo
Manga" e "Baixio das Bestas".
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