São Paulo, domingo, 28 de março de 2004

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DAMIEN HIRST
Reino Unido, 1965


Gérard Rancinan


"SÓ FALO DA MORTE PORQUE TENHO UMA PAIXÃO INCRÍVEL PELA VIDA; OLHAR A MORTE NA CARA É UMA FORMA DE DESCOBRIR MANEIRAS DE VIVER"

Ele talvez seja o mais famoso artista de sua geração. Vencedor do Prêmio Turner em 1995, ele ainda é mais conhecido por sua série de animais mortos preservados em formol. Hoje, Hirst vive pacificamente em uma fazenda em Devon, com sua mulher, Maia, e seus filhos.


"O mais importante para mim é a idéia. Eu procuro, eu rejeito. É preciso trabalhar duro para chamar a atenção do público. Procuro imagens proibidas, sensacionais, para desafiar as pessoas e competir com o mundo visual em que vivemos. Meu lema é: um mínimo de esforço para o máximo efeito.
Minha busca é pela representação da morte cada vez mais fria e asséptica, o que reflete a sociedade contemporânea. Mas, embora a morte esteja sempre presente, está ligada a uma obsessão pela vida. Só falo da morte porque tenho uma paixão incrível pela vida. Olhar a morte na cara é uma forma de descobrir maneiras de viver.
Pessoalmente, mantenho uma distância emocional dos animais que uso em meu trabalho. Eu os compro em abatedouros, portanto já estão mortos. Não tenho crises existenciais. Eu os tiro de seu contexto e os coloco em um contexto artístico. É como se eles estivessem empalhados em sua tumba transparente. Nesse quadro de referência, é difícil associá-los a sua existência pregressa. Eles estão tão distantes de uma vaca ou de um porco quanto uma fatia de presunto do porco original.
Meu objetivo é fazer as pessoas pensarem sobre os atos que consideramos corriqueiros -fumar, fazer amor, olhar propagandas, comer, viver, morrer.
As coisas banais podem ser assustadoras. Tento fazer as pessoas terem medo do que elas sabem, do que elas deixaram de ver."


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