São Paulo, domingo, 28 de março de 2004 |
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ANDRES SERRANO Estados Unidos, 1950 "ALGUMAS PESSOAS SE OFENDEM, OUTRAS FICAM PERTURBADAS, MAS ACHO QUE A MAIORIA SE COMOVE COM O TRABALHO, EM VEZ DE SE OFENDER" O apartamento de Andres Serrano em Nova York foi transformado numa espécie de capela. Para todo lado que se olhe há figuras de Cristo, cruzes, cadeiras de bispo, crânios humanos e animais empalhados. É a residência perfeita para um artista cujo trabalho mais conhecido é "Piss Christ" -uma fotografia de um crucifixo mergulhado em urina, que insultou grupos religiosos e familiares e foi denunciada no Senado dos Estados Unidos em 1989. Desde pessoas sem-teto e outros "Nômades" até corpos da "Necrotério", a arte de Serrano continua conduzindo o espectador por um caminho de matéria primal -fogo, sangue e esperma- do sagrado ao profano. "Estudei pintura e escultura antes de tirar fotografias e creio que meu trabalho segue as tradições da pintura renascentista. Um dos maiores desejos dos pintores daquela época era apresentar a imagem do corpo de Cristo ao mesmo tempo vivo e morto -uma imagem que incorpora o mistério da Eucaristia. Meu trabalho é blasfemo? Não, de modo algum. É exatamente o contrário: uma homenagem ao cristianismo, e a maioria dos homens da igreja o percebe dessa maneira. A maioria dos padres compreende que uma imagem pode ser irresistível, bela e repulsiva ao mesmo tempo. Quero provocar e envolver o público em meu trabalho. E, é claro, isso depende de quem está observando. Algumas pessoas se ofendem, outras ficam perturbadas. Mas acho que a maioria se comove com o trabalho, em vez de se ofender. A violência de meu trabalho é equilibrada por uma violência natural -a da vida, de nossa sociedade, nossa cultura. Acredito que essa violência esteja cada vez mais presente. Quanto mais o mundo avança, mais se torna destrutivo." Texto Anterior: Damien Hirst Próximo Texto: Marc Quinn Índice |
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