São Paulo, domingo, 28 de março de 2004

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MARC QUINN
Reino Unido, 1964


"FAZENDO MOLDES DE MEU ROSTO E MEU CORPO, DOU A MIM MESMO A OPORTUNIDADE DE VER ESSE "EU", DE DEIXAR A PRISÃO"

Ele é uma das figuras-chaves no cenário dos Jovens Artistas Britânicos, o movimento que também lançou Damien Hirst. Apesar das aparências, o trabalho de Quinn tem uma rara intensidade - desde a polêmica escultura "Self", um molde de seu rosto preenchido com seu próprio sangue congelado, até "Eterna Primavera", composto de flores de todo o mundo colhidas e congeladas no auge de sua beleza; e suas réplicas em mármore imaculado de pessoas que perderam membros ou nasceram sem eles. Em todo o trabalho de Quinn, o observador é conduzido a uma viagem em busca do impossível e do inacessível, enquanto o artista tenta desvendar o segredo da existência.


"O que me interessa é a maneira como estamos ligados a nossos corpos. O que é essa coisa que chamamos vida? O que significa estar vivo, ser um prisioneiro do corpo, do peso e da temperatura? Sentir emoção, obsessão, desejo? Eu abordo esses temas eternos em meu trabalho, enquanto tento reinventar as formas artísticas. Primeiro usei meu corpo como fonte em meu trabalho, porque ele está livre de todas as associações relacionais. "Eu" sou o que eu conheço melhor e pior ao mesmo tempo. Fazendo moldes de meu rosto e meu corpo, dou a mim mesmo a oportunidade de ver esse "eu", de deixar a prisão.
De maneira semelhante, a série em mármore de pessoas que perderam membros ou nasceram sem eles encarna por sua própria construção clássica um ideal de beleza e perfeição. Porque nos seduzem, tais esculturas também nos permitem enfrentar o que evitamos. Esses corpos são os novos heróis - aqueles que partem à conquista de si mesmos, e não do mundo exterior - mas que estiveram invisíveis na cultura e na história da arte."



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