São Paulo, domingo, 28 de março de 2004

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PAUL McCARTHY
Estados Unidos, 1945


Gérard Rancinan


"ESTOU TENTANDO CRIAR IMAGENS QUE SEJAM PERTINENTES; ÀS VEZES FICO CHOCADO COM O FATO DE QUE AS OUTRAS PESSOAS SE CHOQUEM"

O trabalho de Paul McCarthy é decisivo, subversivo e chega aos limites do absurdo. Seu mundo é o nosso mundo -obsceno, sujo, cínico e engraçado- e em sua arte o ketchup flui em abundância. A violência é ilusória, imitada, careteira. Mas suas performances nos deixam a impressão de que o artista -que também é professor de belas-artes na Universidade da Califórnia, em Los Angeles (UCLA)- descobriu o segredo do grotesco.


"Meu trabalho não é uma manifestação de violência. É sobre a falsa violência, do tipo que se vê nos filmes. Eu uso os mesmos truques, como uma prótese de plástico e uma mão artificial.
Em um de meus filmes o personagem tem mãos enormes, como luvas da Disney, e eu atinjo o polegar da luva com um machado de carne. Por um momento, o público se assusta. Talvez minha mão realmente tenha sido cortada. As pessoas ficam divididas entre o riso e o medo diante da brutalidade dos golpes. Elas riem da piada, da grande mão falsa e do sangue artificial. Mas sei que ao mesmo tempo o instante revela um aspecto brutal que as perturba. Não me interessa simplesmente chocar. Estou tentando criar imagens que sejam pertinentes. Às vezes fico chocado com o fato de que as outras pessoas se choquem.
Existem diversos níveis de reação a meu trabalho, dependendo dos indivíduos. Alguns se ofendem, e, para outros, a obra provoca reflexão e pensamento. Outros gostam da idéia de que ela choque outra pessoa. Mas me interessam menos aqueles que se chocam do que os que se dispõem a pensar."


Virginie Luc é autora de "Art à Mort" (Editions Léo Scheer, França).


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