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Parque é símbolo da política indigenista
O Parque Indígena do
Xingu (PIX) tornou-se um símbolo
de alcance internacional,
ainda que ambíguo, da política indigenista brasileira.
Criada em 1961 com 2,6
milhões de hectares (26 mil
km2, quase o tamanho de
Alagoas), a gigantesca terra
indígena abriga hoje pelo
menos 15 etnias em convívio pacífico.
No passado, porém, alguns desses povos eram inimigos, como os icpengues,
trazidos de fora do território do PIX, e os uaurás.
A internação na vizinhança de adversários tradicionais foi o preço pago
pela oportunidade de sobrevivência. Quando chegaram ao parque, sobravam só
46 txicões, como eram chamados os icpengues, e couberam todos numa balsa. O
rio Xingu, com seus 2.700
km entre Mato Grosso e o
Pará, é o recurso comum,
do qual todos dependem.
Começaram a acusar alterações sutis no rio, que
afetavam peixes e o regime
de cheias e secas, há coisa
de uma década. Vários povos circulam pelas cidades
da região, como Canarana e
São José do Xingu, e passaram a notar a destruição de
nascentes.
A preocupação foi levada
a ONGs como o Instituto
Socioambiental (ISA), que
criaram em 2004 a campanha Y Ikatu Xingu.
Na outra ponta do Xingu,
já fora do PIX e de Mato
Grosso, o rio enfrenta outra
ameaça, sob a óptica dos índios: a construção de Belo
Monte, segunda maior hidrelétrica do país em capacidade nominal de geração.
Ela alagará 440 km2 da
Grande Volta do Xingu e
deve produzir até 11 mil
megawatts, quase uma Itaipu (14 mil MW).
(ML)
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