São Paulo, segunda-feira, 28 de abril de 2008

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Prazeres & Lucros

Um brinco de investimento

Valorização do ouro transforma colecionadores de jóias em investidores acidentais

por PAULA PACHECO


Em momentos de incerteza, o ouro ainda é aposta certa. Os últimos 12 meses foram marcados por ameaças de crise, uma hora oriunda da China, outra dos Estados Unidos. Pois nesse mesmo período o valor do ouro deu um salto: de cerca de US$ 650 a onça troy (31,1 gramas) para mais de US$ 1.000 em março, embora neste mês a cotação tenha cedido um pouco.

Quem investiu em ouro na forma de barras fez excelente negócio. Quem investiu em jóias de ouro também teve lucro, mas nada que se compare ao prazer proporcionado pelas peças. É o caso da empresária Amália Sina, 44. Acostumada a grandes cifras, ela se sente atraída mesmo é pelos brincos, anéis, colares e pulseiras.

Amália já foi presidente das subsidiárias brasileiras da Phillip Morris e da Walita e vice-presidente da Philips para a América Latina. Há um ano abandonou a carreira em multinacionais para montar o próprio negócio, a marca de cosméticos Amazonutry, lançada na Cosmoprof, feira do setor realizada na Itália.

"Jóia é tudo", ela resume. E não deixa dúvida da importância que elas têm em sua vida. Desde o nascimento, quando ganhou do pai, um chinês adepto do budismo, uma pedra de rubi, que significa sucesso. Ou um ano atrás, quando, dez anos após a união civil, o marido a surpreendeu presenteando-a não com uma, mas com três alianças de ouro (que simbolizam os dois e o filho) durante a cerimônia íntima de casamento em uma igreja do século 16 na Itália.

Amália é formada em administração de empresas pela Faculdade de Engenharia Industrial (FEI), fez pós-graduação na Triton College, de Chicago, e MBA em marketing na Universidade de São Paulo.

Mas ela se lembra mais das jóias do que dos diplomas. A primeira que comprou foi logo após começar a trabalhar, aos 23 anos, na consultoria ACNielsen, como executiva de atendimento. "Era muito simbólico comprar a primeira jóia com o meu próprio dinheiro. Levei um ano inteiro para pagar, mas aquilo foi muito importante para mim", recorda. Era um anel de ouro cravejado de brilhantes, o que, segundo ela, representou a "coroação da independência financeira".

A empresária sempre considerou que uma jóia pode ser uma ferramenta importante na vida de uma mulher de negócios. "Se eu era gerente, usava jóia de diretora; se era diretora, usava jóia de presidente. Procurava estar duas jogadas à frente."

Para Amália, jóia boa é jóia que dura, de marcas conhecidas, com ouro e pedras preciosas de boa procedência e com alto grau de pureza. "Nem que seja pagar um diamante da H. Stern em não sei quantas vezes, mas a pureza da pedra é completamente diferente", avalia.

Amália gosta de comprar, mas ganha mais do que compra. Ganha no aniversário. Ganha no Natal. E ganha a cada livro sobre administração que publica: sete livros, sete jóias. A possibilidade de surpreender do marido fica limitada ao modelo.

Na sua coleção não entram as jóias mais rebuscadas, estilo rococó. Ela gosta de peças simples, design moderno. "Gosto de acompanhar a minha evolução através delas."

No último ano, ela evoluiu, até com mais intensidade do que a cotação do metal. Sua empresa, que começou produzindo 25 quilos por mês, hoje produz uma tonelada. Ela está naturalmente satisfeita. Mas seu prazer pessoal é medido não em tonelada, mas em onça troy.

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