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MARIA CRISTINA FRIAS - cristina.frias@uol.com.br

Estética industrial

Caixotes predominaram em projetos de fábricas do país nas décadas de 80 e 90. Prevalecia a ideia de que esse modelo minimizava custos.

Os conceitos, porém, mudaram. Jardins internos, ambientes para repouso, iluminação, ventilação natural e belos desenhos são hoje sugeridos por arquitetos.

A estética como pressuposto essencial na arquitetura industrial, entretanto, não é propriamente novidade.

No anos 60 e 70, ela já aparecia, lembra o arquiteto Ademir Marcos, do escritório Marcos & Farina, que fez projetos para Honda e Syngenta.

Sumiu nas décadas de crise e voltou no final dos 90. Apesar disso, ainda hoje "95% dos escritórios fazem obras mais simples a pedido de clientes", diz Sérgio Coelho, da GCP Arquitetos.

"Mas houve essa retomada dos projetos que levam a estética em consideração. Entende-se que eles mostram a identidade da empresa."

PERSPECTIVA

Para se aproximar dos clientes, a Nestlé criou um centro de visitações em sua planta de Caçapava (SP).

De aço e vidro, a construção pode ser vista da via Dutra. "Além de resolver um problema de fluxo de visitantes e funcionários, sugerimos a torre de aço para criar uma marca e associar a cor [vermelha] à identidade dos chocolates", afirma Martin Corullon, do escritório Metro. "Investimos em arquitetura para tornar a empresa mais interessante para o público interno e o externo", diz Ricardo Bassan, da Nestlé.

ESPELHO

Um datacenter com 54 mil m2 e arrojado traçado está em obras em Campinas (SP). Será o maior do Banco Santander fora da Espanha e não estará inteiramente no subsolo, como é comum em edifícios destinados a armazenar e espelhar dados.

Um sistema foi criado para que apenas nove metros fossem escavados. Em geral, o dobro disso é necessário.

A terra retirada foi usada para fazer um subsolo artificial. No interior do prédio, haverá um espelho d'água e uma área à qual chegará a luz do sol.

"A parte estética de uma fábrica inclui eficiência do fluxo industrial, sustentabilidade material e social", diz o arquiteto Roberto Loeb, autor do projeto.

VÃO LIVRE

A nova fábrica da Bahia Specialty Cellulose terá ambientes com iluminação e ventilação naturais. "Insistimos nesses pontos há mais de duas décadas e os argumentos estão sendo mais bem aceitos", diz o arquiteto da obra Sidonio Porto.

FORMA

Obras elaboradas não são apenas mais belas, mas mais eficientes, diz Roberto Loeb, arquiteto do centro de distribuição da Avon (Cabreúva, SP). "É preciso romper com a ideia de que a forma de caixote é mais eficaz."

FACHADA INTERNA

O público interno é o foco de Paulo Bruna, que desenvolve o projeto de ampliação da fábrica de rolamentos da sueca SKF em Cajamar (SP).

O arquiteto considera humilhante a planta em forma de caixote. "É preciso ventilação e luz naturais para que o operário perceba o dia."

"Não se faz uma fábrica apenas para ser bonita. Atender as condições de bem-estar é o que a torna bonita."

com JOANA CUNHA, VITOR SION e LUCIANA DYNIEWICZ

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